MÖTLEY CRÜE
17 de Maio de 2011
Credicard Hall – São Paulo/SP
Por Adriana Farias
Dezenas de garotos usando laquê, outros de maquiagem e calças apertadíssimas, uma menina vestida de mulher gato, outra de enfermeira (!), centenas com cabelos esvoaçantes, de salto alto e usando couro, muito couro, e, claro, bêbados por todos os cantos. Sem falar nos andróginos e nas piadinhas alheias: “Será que esse aí é homem? Mas olha a cara de mina!”, disse um. Esse foi o cenário do primeiro show do Mötley Crüe no Brasil, na última terça-feira, 17, no palco do Credicard Hall, em São Paulo.
Conterrâneos e amigos de longa data do Mötley Crüe, o Buckcherry fez as honras da abertura. Indicado a prêmios nos Estados Unidos e tocado a exaustão nos pubs ingleses, o grupo liderado pelo vocalista Josh Todd era uma completa incógnita para os brasileiros. Mesmo mostrando serviço em palco, “Slammin’” e o single, “Crazy Bitch”, foram as poucas músicas que realmente empolgaram o público. Mas quem ficou de braço arrepiado com o show da banda foi o vocalista do Kiara Rocks, Cadu Pelegrini. “Eu vim mesmo para ver o Buckcherry!”, disse o músico. “Os caras do Mötley são legais e eu os respeito, mas pra mim é muito marketing e pouca música!”, concluiu enfático.
Críticas a parte… o Mötley Crüe entrou em cena com “Wild Side” e deixou o público de boca aberta. Depois de 30 anos, presenciar Vince Neil (vocalista), Nikk Sixx (baixista), Tommy Lee (baterista) e o sexagenário Mick Mars (guitarrista) num só palco, sem discussões judiciais, sem quedas de braço e sem disputas de ego, mas unidos pela música – por um estilo que está quase desaparecendo se não fossem algumas bandas novas retomando o fôlego – foi como uma vitória para os hard rockers e uma inspiração para a nova geração de fãs.
O trio de amigos Alexis Cantaux, Pedro Crepalde e Pedro Fernandes não haviam nascido quando o Mötley Crüe estourou nos Estados Unidos e conquistou o mundo. Os três, com 12 anos de idade, não se sentem frustrados por terem perdido toda a década de ouro do hard rock. “Estamos revivendo todas essas bandas agora, indo nos shows!”, disse entusiasmado Cantaux. Toda vez é uma choradeira para convencer o adulto, às vezes o pai, às vezes um tio amigo, para acompanhar a garotada onde só imperam os marmanjos. “A gente prometeu só tirar nota alta na escola. Tudo pra não perder o show dos caras”, disse Fernandes com ar de fã número 1.
“Saints of Los Angeles” foi a única música recente dentro de um repertório só de clássicos. O disco multiplatinado “Shout At The Devil”, lançado em 1983, foi muito bem aproveitado pelo grupo. “Too Young to Fall in Love”, “Ten Seconds to Love”, “Looks That Kill”, além da faixa título, foram as escolhidas do álbum que, na época, vendeu 4 millhões de cópias e se tornou referência ao universo glam oitentista.
A calibrada “Home Sweet Home” e as enérgicas “Smokin’ in the Boys’ Room”, “Dr. Feelgood” e “Kickstart My Heart” vieram para comprovar que o Mötley Crüe esta dando as caras e o combustível para toda a vitalidade do grupo não poderia ser outro… Girls Girls Girls.
Confira o set list:
“Wild Side”
“Saints of Los Angeles”
“Live Wire”
“Shout At The Devil”
“Same O’ Situation”
“Primal Scream”
“Home Sweet Home”
“Don’t Go Away Mad (Just Go Away)”
“Dr. Feelgood”
“Too Young To Fall In Love”
“Ten Seconds To Love”
“Smokin’ In The Boys Room”
“Girls, Girls, Girls”
“Kickstart My Heart”
Bis
“Looks That Kill”
* A autora cobriu o show do Mötley Crüe a convite da emissora PlayTV (www.playtv.com.br)