Pain of Salvation
Porto Alegre – Teatro CIEE
29/09/2012
Por Jonas Pilz
O show do Pain of Salvation já estava marcado para não ser uma apresentação comum. Desde o crowdfunding realizado pela Vamoo com a Abstratti Produtora, e financiado pelos fãs, para trazer os suecos até a escolha do Teatro CIEE para sediar o evento, a expectativa de ver os suecos novamente no Rio Grande do Sul era muito grande.
O show de abertura da Wishcraftt iniciou às 20h10, quando a banda entrou no palco e teve que fazer ajustes no som antes de iniciar o set. O público, que na platéia baixa já era grande, mas na alta nem tanto, ajudou os músicos na regulagem. Em pouco mais de trinta minutos, o set alternou músicas do primeiro disco e do novo The Law of Love. Embora a banda parecesse estar um pouco nervosa, fez uma show com bastante garra, em especial o baterista Maurizio Weimar.
O hiato entre as duas apresentações contou com uma seleção de músicas que não agradou os fãs mais ortodoxos de heavy metal. Mas, às 21h10 os PAs começaram a introdução Let the Sunshine in, do musical Hair. Ao final, o vocalista do Pain of Salvation, Daniel Gildenlöw entrou no palco, descalço, e cantou à capela e agachado Road Salt. Sob muitos aplausos pelo belo momento, e Road Salt Theme no retorno, os outros membros apareceram e foram ovacionados. O público, que já não estava sentado em nenhuma cadeira do Teatro, acompanhou Soflty She Cries e Linoleum. Daniel avisou que, apesar da empolgação, o público precisava, e iria, quebrar mais a cabeça. A forte Diffidentia mostrou que o vocalista tem muita presença de palco, além do grande entrosamento da banda, que reproduz fielmente todas as linhas vocais e instrumentais do estúdio. Destaque para o tecladista Daniel Karlsson nessa música.
O outro Daniel, sempre muito comunicativo, brincou com o fato de ter pedido mais empolgação e emendar com uma balada. Gildenlöw ainda mexeu com um fã que fotografava com um tablet. Com a banda munida de violões, a plateia foi convidada a voltar para o ano de 1979, com a faixa de mesmo nome.
A ótima To the Shoreline empolgou, e a sequência que abre o The Perfect Element, Part 1, Used; In the Flesh; Ashes e Morning on Earth, agitou os presentes. Com um show de luzes, que se estendeu por toda a noite, os teclados marcantes e o belo solo de Reconciliation, do mesmo disco, não deixaram cair o pique.
Em Iter Impius, Gildenlöw alcançou uma grande variação nos vocais, demonstrando o seu potencial. A faixa foi muito aplaudida após o final apoteótico, e foi seguida por Stress, um lado mais prog metal tradicional da banda, onde os teclados de Karlsson parecem um dueto de voz com Gildenlöw. Antes de Undertow, o vocalista apresentou os companheiros, e abriu caminho para o guitarrista Ragnar Zolberg assumir o seu posto. A faixa do Remedy Lane agradou, e Ragnar, que possui um timbre bem hard rock, além de um visual que lembra os irmãos Nelson, foi muito aplaudido.
As primeiras notas de Beyond the Pale ganharam o público logo de cara, e antes de a execução terminar, um por um, os integrantes deixaram o palco. Gildenlöw e Zolberg encerraram a canção já fora de cena.
Pouco mais de um minuto depois, todos voltaram para No Way, que terminou com o Gildenlöw atirando a guitarra no chão – fato que já havia sido anunciado no começo do show. O baterista Léo Margarit, com o kit montado no lado do palco, em tom de brincadeira, reclamou que isso acontece todas as noites.
O vocalista agradeceu a presença e participação de todos, e abriu espaço para pedidos de música. A simpatia e comunicação de Daniel, e dos outros membros também, é excepcional. Depois de ouvir metade da discografia da banda, ele anunciou Sisters, dedicada às fãs do grupo. O público acompanhou com palmas, e Daniel ajoelhou-se em cima de um case no fundo do palco.
Muito aplaudidos, os músicos se despediram mais uma vez dos gaúchos. Embora o Teatro do CIEE seja um local dúbio para realização de shows – as cadeiras fixas atrapalham muito, mas a acústica e, neste show em especial, as luzes, tem mais qualidade que outras casas renomadas da cidade.
No fim, o local pareceu ser muito apropriado para o Pain of Salvation, pois aproximou o público e a banda, criando um clima intimista. Uma grande referência para uma apresentação financiada pelos próprios fãs do grupo.
Set List Pain of Salvation
Intro: Let the Sunshine in (Hair)
Road Salt
Road Salt Theme
Softly She Cries
Linoleum
Diffidentia
1979
To The Shoreline
Used
In the Flesh
Ashes
Morning on Earth
Reconciliation
Iter Impius
Stress
Undertow
Beyond the Pale
Encore:
No Way
Sisters