ROBERT PLANT & THE SENSATIONAL SPACE SHIFTERS
Porto Alegre
29/10/2012
Por Jonas Pilz
Fotos: Sophia Velho
Robert Plant foi o vocalista de um monstros do rock n’ roll. Sua técnica, timbre e atitude são conhecidos por todos. Quem é o Robert Plant de hoje é o que os dez mil pagantes que foram ao Ginásio Gigantinho queriam saber. A abertura da noite coube a Renato Borghetti, músico tradicionalista muito querido pelo povo gaúcho. Borghettinho, como o gaitero é mais conhecido, estava acompanhado de diversos músicos e agradeceu a oportunidade. Durante 30 minutos fez o público dançar e cantar algumas canções, como Merceditas. A homenagem a Luiz Gonzaga foi anunciada como “um gaúcho tocando forró num show de pop (?) rock”.
Às 21h35, a entrada de Robert Plant foi anunciada por um locutor, em inglês, recheada de elogios justos e referências pontuais. O astro entrou no palco e foi ovacionado pela plateia. As roupas simples (vestia uma calça jeans azul e uma camisa preta, à lá Steve Jobs) em nada lembravam o auge da carreira, com roupas coloridas e extravagantes. O contraste do Plant no palco com o Plant jovial desenhado no pano de fundo foi definiu o que seria a noite. Um artista que revolucionou uma vez, reinventando um passado glorioso.
O primeiro contato com o microfone, em Tin Pan Valley levou o público ao delírio. Another Tribe, mais lenta, foi bem recebida, e o vocalista arriscou algumas palavras em português.
Friends foi a primeira do Led, e Plant pareceu bastante animado. Spoonful, cover de Howlin’ Wolf, teve uma ótima execução, e junto com Somebody Knocking, contou com instrumentos exóticos, além de um mix de folk, música inca e africana.
O clássico Black Dog, que abre o Led Zeppelin IV, com uma roupagem totalmente diferente da original, só foi reconhecido quando Plant cantou a primeira estrofe. No entanto, os gritos e gemidos permaneceram intactos e foram entoados com força pelos fãs.
All The King’s Horses e Bron-Y-Aur Stomp foram acompanhadas por muitas palmas. Em diversos momentos, o público parecia não cantar junto apenas para observar, em silêncio respeitoso e olhar admirado, a performance do ídolo. The Enchanter quebrou um pouco o ritmo do set, mas em Four Sticks Plant finalmente soltou um pouco mais a voz, fazendo os fãs vibrarem por todo o ginásio. O mesmo aconteceu em Ramble On, uma das mais cantadas pela plateia, e onde o vocalista mais pareceu o Plant dos anos 1970. A acústica do Gigantinho, que usualmente é aquém do mínimo satisfatório, aliada à tempestade que caiu no começo da noite na cidade, causava receio nos presentes antes do espetáculo começar. Mas, provavelmente graças à equipe de Plant e à trégua da chuva, a qualidade do som esteve muito boa durante toda a apresentação. Entretanto, as inúmeras goteiras criaram algumas poças na pista. Fixin’ to Die, cover de Bukka White, arrancou aplausos, e Plant aproveitou para agradecer a hospitalidade dos brasileiros nas duas semanas em que esteve no país. Whole Lotta Love, também bastante diferente da original, marcou a saída da banda do palco.
No retorno, Plant pediu ajuda para fazer uma homenagem a um amigo que estava de aniversário, na Inglaterra. Um membro da equipe de produção foi convocado para pedir ao público, em português, que cantasse “feliz aniversário”, enquanto Plant explicava para uma câmera o que estava acontecendo. Going to California foi cantada palavra por palavra, por um público emocionado, realizado e embalado pelas notas de uma das mais belas músicas do Led Zeppelin. Com o Gigantinho ainda atônito, Rock n’ Roll, numa releitura mais próxima da original, fez todos pularem e cantarem um clássico que é, homônimo, uma síntese do rock. A performance arrebatadora fechou a noite em grande estilo. Robert Plant foi cultuado e reverenciado pelo público gaúcho. Os fãs estiveram com ele por 1h40min, mas Plant esteve com eles durante todos esses anos, desde o debut Led Zeppelin I.