Na segunda-feira, 15 de dezembro, o Carioca Club recebeu o aguardado retorno do Tiamat a São Paulo, em um show que marcou o encerramento da turnê latino-americana da banda sueca. Mesmo com a casa longe da lotação máxima, o clima era de expectativa e respeito absoluto por uma das formações mais influentes da história do metal gótico e alternativo.
Antes mesmo do início oficial da apresentação, Johan Edlund já dava sinais de como seria a noite. O vocalista apareceu à frente do palco, puxou conversa com os fãs das primeiras fileiras, trocou sorrisos e palavras, criando uma proximidade rara e quebrando qualquer barreira entre banda e público. Esse contato direto se manteve ao longo de todo o show, com Johan visivelmente à vontade, interagindo, agradecendo e conduzindo a apresentação de forma quase intimista.
A abertura com “Church of Tiamat” estabeleceu imediatamente a atmosfera densa e contemplativa que guiaria a noite. Na sequência, faixas como “In a Dream”, “Clouds” e “The Sleeping Beauty” reforçaram a identidade melancólica da banda, com execuções seguras e envolventes. O repertório passeou por diferentes fases da carreira, mostrando a versatilidade sonora do grupo — do peso mais direto às composições mais atmosféricas e introspectivas.
Momentos como “Cain”, “Love in Chains” e “Phantasma De Luxe” evidenciaram o quanto o Tiamat construiu uma linguagem própria ao longo das décadas, transitando entre o metal e o rock gótico sem perder coerência. Já em “Brighter Than the Sun” e “Wildhoney”, a resposta do público foi imediata, com coros espontâneos e uma entrega emocional que compensou a quantidade reduzida de presentes.
A reta final trouxe uma sequência forte e bem escolhida, com “Whatever That Hurts”, “Visionaire” e a sempre marcante “Cold Seed”, que segue como um dos pontos altos do catálogo da banda. O encerramento com “Gaia” selou a noite de forma contemplativa e simbólica, reafirmando o caráter quase ritualístico da apresentação.
Sem recorrer a excessos visuais ou grandes produções, o Tiamat apostou na força de seu repertório e na conexão direta com o público. Johan Edlund, com sua presença serena e carismática, conduziu o show com naturalidade, mostrando por que segue sendo uma figura central e respeitada no metal europeu. Para quem esteve presente, foi uma noite de reencontro com uma obra que atravessa décadas e continua relevante — intensa, honesta e profundamente humana.
Por: Priscila Ramos
























Nenhum Comentário ainda! Seja o(a) Primeiro(a) a Comentar!!!