Behemoth – São Paulo (08/05)
Depois de quase quatro anos de espera, os brasileiros são agraciados mais uma vez com a vinda de Nergal e sua trupe. Dessa vez na turnê do álbum The Apostasy fazendo o único show no Brasil no Hangar 110 em São Paulo.
Quinta feira nunca é um bom dia para se ir a um show, principalmente com a avalanche de concertos que estamos presenciando esse ano, não tem bolso que agüente. Mais esses e outros detalhes não impediram que o hangar lotasse consideravelmente para assistir a apresentação de uma das maiores bandas do metal extremo da atualidade. Isso só comprova a enorme popularidade alcançada pelo Behemoth não só aqui no Brasil mais em todo mundo depois de Demigod.
Com um atraso de cerca de 15 minutos – nada muito gritante se formos avaliar outros casos – as luzes do Hangar se apagam para o show da horda carioca Enterro. Tocando um Black Metal com muita competência e profissionalismo, com destaque para o front man Nihil (e seu crânio de animal) que dava um show a parte de interpretação e presença de palco. Os músicos tiveram alguns contratempos em seu show, pois o palco que já não é muito grande ficou menor ainda com a bateria do Inferno já montada no fundo, deixando o baterista Perazzo na cara do publico e os outros membros espremidos pelas laterais, Mais isso não interferiu em nada na qualidade o show.
A horda divulgava as musicas de seu primeiro disco sem data ainda para o lançamento, musicas como “Nunc Scio Tenebris…”, “He Who Must Be Killed”, “This Land Must Burn” e a aclamada “War Is My Answer”. A maioria dos presentes curtia bastante e aplaudiam no final de cada musica mais São Paulo respondeu mesmo quando foi anunciado o cover de uma das grandes influências da banda, os suecos do Marduk, tocando com maestria a música “Bleached Bones” do álbum World Funeral. Aliás, para muitos ali que também estavam no show do Marduk mês passado foi um presente esse cover, pois os suecos retiraram essa musica do setlist em cima da hora devido ao enorme atraso que o show teve, deixando muitos ansiosos naquela ocasião. No final a banda Enterro surpreendeu a todos que estavam vendo-os pela primeira vez, mostrando a qualidade indiscutível do metal nacional.
Depois do massacre causado pela horda carioca, todos esperavam a segunda banda de abertura, o Hellisthrone, mais logo percebemos que não haveria mais uma banda de abertura quando começou a soar os bumbos do Inferno. E foi exatamente isso que aconteceu, por motivos não divulgados o Hellissthrone não se apresentou naquela noite, e só o que se ouvia por de trás das cortinas era a bateria do Inferno soando p serem ajeitadas os últimos detalhes.
E não demorou muito para ajeitar, já que um pouco depois das 22hs a introdução de “Rome 64 C.E.” começou a tocar e as cortinas vermelhas se abrem fazendo o Hangar vir abaixo. Com os membros entrando no palco uma a um para delírio dos presentes, todos eles vestindo seus “uniformes de batalha”, visual bem parecido com o que ilustra o ultimo cd. Nergal foi o último a entrar com seu corpse paint e botas de espinhos… e foi ai que a destruição teve início.
Começando com a pedrada “Slaying the Prophets ov Isa” do Apostasy, que fez a casa partir-se no meio. E já na primeira música a banda mostrou que não estava pra brincadeira, com uma presença destruidora dos quatro monstros que estavam em cima do palco. Seth e Orion tem uma presença de palco impecável intimando com suas agressividades e entusiasmo, conseguem mostrar que aquilo que esta no palco é realmente uma banda com 4 grandes músicos, e não apenas focada na imagem e presença do vocalista com músicos de fundo como muitas bandas por ai fazem. E olha que o vocalista não é ninguém menos que o Nergal, que tem o publico em suas mãos desde os primeiros passos que da no palco. Com um refrão marcante, contando com um pouco de playback de corais para manter a fidelidade e qualidade do estúdio eles terminam a primeira musica ovacionados pelo público brasileiro.
Sem tempo para respirar, enquanto o publico ainda aplaudia, as cornetas da faixa titulo do cd “Demigodâ€? começam a soar, anunciando essa poderosa musica, e logo depois o clássico “Antichristian Phenomenon”, com introdução bem propensa aos famosos “hey hey hey”. No final dessa música o Nergal interage um pouco com os fãs sedentos por sangue e se mostra bem simpático, abrindo alguns sorrisos e arriscando um português como “Querem mais?”, e disse que sentia a falta dos fãs brasileiros (bem básico). Mais sem enrolar muito já apresenta outro clássico, dos primórdios da banda “From the Pagan Vastlands” e mais uma do´Apostasy “Prometherion”, terminando, o Nergal mostra que pesquisa a cultura dos povos que ele esta se apresentando, dizendo que fomos conquistados pelos português a 500 anos atrás, mais que tinha chegado nossa hora de conquistar, não só Portugal como todo mundo, “Conquer All” é o “clássico mais atual” da banda, e não é pra menos, seus riffs fizeram São Paulo tremer e todos presentes a cantarem (ou tentarem) juntos.
Depois de “Sculping the Throne ov Seth”, mais uma ótima musica do novo álbum, Nergal, Orion e Seth se retiram do palco para um rápido solo de bateria(em todos os sentidos), mostrando rapidez e técnica o Inferno retirou urros e aplausos da platéia, e para mostrar toda a grandiosidade do álbum Demigod, a banda volta ao palco com os urros em playback introduzindo a musica “Slaves Shall Serve” para o delírio dos headbangers e da destruição das cordas vocais de muitos quando cantaram em uníssono com Nergal no final dessa musica. “At The Left Hand ov God” também do ultimo álbum fez a alegria de alguns ali que gritavam o nome do single no intervalo de algumas musicas. A cadênciada “As Above So Below” de 2002 foi a musica mais “calma” – por assim dizer – da noite e mostrou toda técnica que o grupo tem. A estrutura do Hangar possibilitou a visualização e a audição perfeita de cada nota tocada pelo quarteto.
A seqüência de clássicos do death metal a seguir iniciou sem muitas delongas. No final da musica anterior, Nergal já vocifera “Christians to the Lions” fazendo abrir uma grande roda na platéia, e todos gritarem “I AM THE EVIL ONE” mais alto ate mesmo que o Nergal, surpreendendo a banda e abrindo um sorriso no “testudoâ€?. Isso fez a banda parar a música para elogiar o público, retornando do inicio da letra para que todos repetissem mais uma vez a frase. O públicou que não estava se digladiando na roda continuou cantando e gritando “PRAISE THE FLAME”. “Chistians to the Lionsâ€? foi a música mais aclamada pelos brasileiros na noite junto com “Conquer All”. E como eu disse antes, logo depois já mandaram outros dois hinos do álbum “Satanica”, “Decade of Therion” e “Chant for Eschaton 2000” para fechar o show, Negal aparece com a máscara que ele usa nas fotos de divulgaçao do The Apostasy, fazendo um clima bem teatral, mais depois de perceber que a mascara atrapalhava um pouco na hora de cantar ele a tira.
Terminando, a banda se retira do palco, e são imediatamente chamados de volta pelo público que usam o pouco que resta de suas cordas vocais para gritarem o nome da banda. E eles voltam para o tradicional “encore”, fazendo cover da banda TurboNegro, eles tocam a divertida “I Got Erection”, música essa que, de acordo com Nergal, faz ele “lembrar” do Brasil, e dedicou a todas as mulheres brasileiras. A música é divertida e fácil de cantar, sendo agitada frequentemente pelo Frontman para o público cantar as partes mais fácies, só que a voz da galera já estava em frangalhos, fazendo muitos apenas baterem palmas.
O show terminando as 23:30, possibilitou que todos voltassem para casa, e acordassem no outro dia para trabalhar satisfeitos por terem visto uma puta banda dando aula de metal extremo. Mesmo sendo taxados como “moda” pelos fãs mais radicais do estilo, o Behemoth mostrou que popularidade não significa ter que “suavizar” nas músicas. As milhares de cópias vendidas só demonstram a qualidade desses poloneses. E isso eles mostraram naquela fria quinta feira, pois como diz Fausto Silva: “Quem sabe faz ao vivo”.
Wellton “Enishi”
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