Clássico Ou Ousado, Sempre Com Energia – Entrevista Iggor Cavalera
Não é à toa que Iggor Cavalera desenvolveu um estilo próprio de tocar, que mistura elementos de diferentes ritmos musicais. Afinal, o ex-baterista do Sepultura está longe de ser um xiita defensor do purismo metálico, como muitos admiradores do som pesado. Pelo contrário, faz questão de ouvir e se aventurar em qualquer gênero que – nas palavras dele – tenha “novidade, energia e pessoas experimentando”. Atualmente, seu foco principal é o MixHell, empreitada eletrônica que mantém com a mulher (Layma).
Entretanto, o músico mineiro não deixou de explorar as sonoridades mais agressivas que o tornaram famoso nos quatro cantos do planeta. Desde 2007, Iggor e o irmão mais velho, Max (vocal e guitarra), tocam o Cavalera Conspiracy, projeto que transita pelo hardcore, death, thrash e grind. Com três discos lançados – sendo o mais recente Pandemonium, de 2014 – o grupo corre o globo mostrando que a química para criar sons ‘porrada’ continua no sangue da família. Dia 23 de maio, a banda fará sua segunda apresentação em Porto Alegre, no Opinião (José do Patrocínio, 834), às 20h. Aproveitamos a o ensejo para fazer uma rápida bateria de perguntas, por e-mail, ao responsável pelas batidas do CC.
Por Homero Pivotto Jr. – Abstratti Produtora
O Cavalera Conspiracy foi meio que o teu retorno ao universo do metal – no sentido mais amplo que essa definição possa ter. Tu chegaste a comentar na imprensa que nem sabia se algum dia iria voltar a trampar com algo do gênero. Passou mesmo pela tua cabeça tocar a carreira só com trabalhos fora dos sons mais pesados e extremos?
Iggor – Não tem muito a ver com o gênero musical. O motivo de eu ter começado o Cavalera Conspiracy com o Max foi para fazer algo novo, direcionado ao futuro, sem ficar remoendo a historia do passado. Assim como comecei o Mixhell e outros projetos também.
O novo disco do CC apresenta linhas de baterias mais básicas, até puxando para o hardcore. Foi muito complicado pra ti, que desenvolveu um estilo mais rebuscado – até meio tribal –, tocar linhas mais, digamos, retas?
Iggor – Não, não foi nada complicado. Curti muito reviver o jeito que eu tocava com o meu irmão no começo da nossa carreira.
O fato de voltar a tocar músicas mais agressivas com o Max te pilhou, de alguma maneira a, de repente, explorar isso com algum outro projeto?
Iggor – Na verdade, não. Mas, no meio do metal tem inúmeros músicos para colaborar de outras maneiras. Vide o Greg Puciato (The Dillinger Escape Plan), que trampou com o Mixhell em uma track.
Se fosse possível criar um projeto musical dos sonhos, qual seria? Que tipo de som faria e quais os integrantes tu escolheria para te acompanhar na empreitada?
Iggor – Seria um projeto mais cinematográfico, com o produtor John Carpenter (Halloween, Os Aventureiros do Bairro Proibido, O Enigma do Outro Mundo…) e, talvez, o Mike Patton (Faith No More).
Bicho, já que falamos em metal: rolou uma declaração tua algum tempo atrás sobre um show de música eletrônica (talvez o Daft Punk, não tenho bem certeza). Dizia que a apresentação dos caras, na tua opinião, havia sido tão – ou mais – brutal que a da uma banda de metal. Por que dessa impressão?
Iggor – Na real, eu falei isso do Justice. Foi um momento em que o metal estava muito chato, muito repetitivo e as bandas e DJs que transgrediam os gêneros musicais eram os mais interessantes. Penso assim ate hoje.
Isso tem a ver com teu trampo no MixHell, que é uma parada mais eletrônica. Qual o motivo da escolha por trabalhar com esse estilo? Liberdade criativa? Possibilidade de explorar sonoridades diversas?
Iggor – Como eu disse, tudo o que tem novidade, energia e pessoas experimentando me interessa muito. Acho que a musica eletrônica tem esse terreno fértil, como o rock tinha quando comecei a tocar.
O que há de semelhante no trabalho do MixHell com o que tu fazias anteriormente?
Iggor – Para mim, não e diferente. É como se fosse uma continuidade do meu trabalho.
Chegaste a ler o livro do Max, My Blood Roots – Toda A Verdade Sobre A Maior Lenda do Heavy Metal Brasileiro? Mudaria algo ou o que é narrado ali te representa 100%?
Iggor – Não li, mas acho que não mudaria nada. É a visão que o Max tem da historia, não a minha.
Ultimamente, o que tens ouvido? Mais bandas barulhentas ou umas paradas eletrônicas? Pode citar algumas, por favor?
Iggor – Eletrônicas barulhentas: Silent Servant, Youth Code, Tzsusing e Jimmy Edgard.
Quando tu estás atrás do kit de bateria, o que mais te inspira e te dá gás pra esmurrar o bagulho? E, por outro lado, o que é desmotivador ou broxante?
Iggor – Quando estou lá nada é broxante. A música dá todo o gás.
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