Exclusivo: Agenda Metal entrevista fundador da produtora Tumba Productions

A Tumba Productions é uma produtora de eventos de São Paulo, responsável pelas principais turnês de música extrema na América Latina. E com exclusividade ao Agenda Metal, o empresário criador da Tumba Productions e também baterista da excelente banda Nervochaos, Edu Lane, nos conta algumas novidades e curiosidades sobre sua trajetória.

A Tumba surgiu em 1996 e foi a primeira produtora no Brasil a se dedicar a trazer bandas extremas internacionais que nunca haviam pisado em solo brasileiro. Como a Tumba surgiu? Houve dificuldades no inicio?
Edu:
Sim, formei a TUMBA em 96 e na época não haviam produtoras focadas em música extrema ou mesmo no verdadeiro underground; haviam somente, produtoras focadas em grandes bandas que visitavam o país constantemente. Eu, como fã de música extrema, ficava muito chateado com isso e decidi fazer algo a respeito, pois sempre achei essencial fortalecer a nossa cena, além disso, colocar o Brasil na “rota das turnês” e é claro, assistir as bandas extremas ao vivo. Então, a TUMBA inicialmente surgiu com três funções. Éramos distribuidora (vendendo material de bandas/selos extremos, pelo correio e através da loja na Galeria do Rock), selo (lançando bandas extremas nacionais) e produtora (organizando shows e turnês, no território latino-americano). Como tudo que começa do zero e sem nenhum patrocínio ou apoio, o começo foi bem complicado e enfrentamos diversas dificuldades. Não posso deixar de mencionar o pessoal da banda KRISIUN que me ajudou demais também por muitos anos.

Quando ocorreu a consolidação da produtora?
Edu:
Na verdade, em meados do ano 2000/2001, decidi encerrar as atividades de distribuidora e do selo, ficando focado somente na produtora. Foi nessa época que criei os dois festivais que temos todos os anos, o EXTREME METALFEST e o SETEMBRO NEGRO FESTIVAL.

Você acha que atualmente a cena no Brasil vem melhorando ou piorando? Por quê?
Edu:
Eu acredito que a cena melhorou muito desde então, é só você reparar a quantidade de shows e turnês que vem passando pelo Brasil. A cada ano há mais bandas, mais turnês e mais produtores de show. Acho que alguns fatores colaboraram muito para isso, como uma economia mais estabilizada, o câmbio mais baixo e a internet. O que também aconteceu e é muito importante nesse processo todo, é uma saturação dos mercados norte-americanos e europeus, então as bandas e agências de shows vem buscando novos mercados para os seus artistas e o Brasil é a bola da vez.

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Quantas bandas você já trouxe para o Brasil? Qual foi a primeira? Conte sobre essa experiência.
Edu:
A primeira turnê que organizei foi do AGNOSTIC FRONT, junto com o pessoal do KORZUS, em 1997. Foram três shows seguidos e esgotados em São Paulo, no extinto Black Jack Bar. Foi realmente sensacional ter começado a trabalhar com eles pois aprendi demais durante essa turnê. A TUMBA já organizou turnê para umas 50 bandas internacionais, além das diversas bandas nacionais que também trabalhamos por um tempo.

A Tumba já trabalhou com quais atrações internacionais?
Edu:
Já trabalhei com diversas bandas internacionais, tais como W.A.S.P., OBITUARY, SADUS, LEAVES EYES, DYING FETUS, ATROCITY, ACHERON, DESTRUCTION, CANDLEMASS, NAPALM DEATH, SODOM, NUCLEAR ASSAULT, CANNIBAL CORPSE, MARDUK, DARK FUNERAL, GORGOROTH, INCANTATION, VADER, MONSTROSITY, HATE ETERNAL, PANDEMIA, DISGORGE, DEEDS OF FLESH, TOTAL FUCKIN DESTRUCTION, AVERSE SEFIRA, ENTHRONED, DISMEMBER, SADISM, JESUS MARTYR, BEHEMOTH, AGNOSTIC FRONT, CARPATHIAN FOREST, WATAIN, DISSECTION, BELPHEGOR, FUNERUS, TORTHARRY, SEVERE TORTURE, GRAVE, DESTRÖYER 666, HATE, AD HOMINEM, RAGNAROK, TAAKE, MAYHEM, MORTUARY DRAPE, WISDOM, KYTHRONE e muitas outras mais.

Qual foi a banda que mais marcou na sua opinião? Por quê?
Edu:
Bom, fiz diversas turnês e acredito que cada uma tenha sido especial a sua maneira, mas posso citar como marcante a primeira vez (ou primeira turnê) de bandas como MARDUK, DARK FUNERAL, GORGOROTH, CANNIBAL CORPSE, W.A.S.P., OBITUARY, DISSECTION, …, em solo Brasileiro. Foram momentos mágicos que sinceramente não tenho visto mais ultimamente. Talvez porque na época tudo isso era novidade, a cena era carente de evento com bandas como essas e essas bandas nunca haviam pisado em nosso solo.

Você não agenda shows somente no Brasil, mas sim em toda a América Latina. Como ocorre esse processo? Faz muito tempo que a produtora agenda shows fora do Brasil?
Edu:
Sim, sempre fizemos o agendamento de shows em todo território Brasileiro e com o tempo e o conhecimento adquirido, começamos a agendar as bandas também pela América Latina. O processo atualmente é relativamente simples, já tenho todos os contatos e mando uma mala-direta por e-mail oferecendo as bandas aos produtores. Acertamos os detalhes e as turnês acontecem. Agendamos pela América Latina desde 2000/2001.

Você tem alguma historia pra contar, alguma situação inusitada que ocorreu durante esses anos todos?
Edu:
Bom, existem diversas histórias ao longo dos anos, mas acho que uma das mais marcantes foi o assassinato de um bispo, durante a celebração de uma missa, na catedral no Chile. Um fã fanático pelo DARK FUNERAL fez isso, em homenagem a banda. Foi realmente brutal e chocante. Outra história marcante foi a vinda do DISSECTION ao Brasil, ou a primeira turnê do MARDUK ou do CANNIBAL CORPSE, ou do DARK FUNERAL ou mesmo do polêmico GORGOROTH. Bom, são várias história e certamente não caberiam todas aqui.

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Qual foi a maior dificuldade que você encontrou até hoje?
Edu:
Acredito que a pior e a maior dificuldade de todas é a falta de caráter, escrúpulos, profissionalismo e ética da maioria dos produtores que atuam na nossa cena.

O festival “Setembro Negro” este ano completará 10 anos. Como foi o processo de idealização deste? Como surgiu esse nome?
Edu:
Depois de produzir algumas turnês com bandas internacionais e também ter tido a oportunidade de trabalhar algumas vezes no exterior junto com o KRISIUN, percebi que estava faltando um festival no Brasil dedicado as bandas extremas e daí surgiu a idéia de organizarmos os dois festivais que temos. O nome SETEMBRO NEGRO é constantemente utilizado pela imprensa mundial por causa dos atentados terroristas pelo mundo. Acho que o nome tem tudo a ver com o conceito do evento, pois a idéia sempre foi de realmente fazer um “atentado” ao conformismo que assola a nossa cena. Muitas pessoas ainda acreditam que o nome é relacionado ao Black Metal e que o evento só deve constar bandas deste estilo, mas não tem nada a ver.

O “Extreme Metal Fest” também foi idealizado pela Tumba, ele ocorre em qual parte do ano? Quantas edições já foram feitas?
Edu:
Bom, no começo eu fazia o EXTREME no primeiro semestre do ano e o SETEMBRO NEGRO, em Setembro é claro. Com o passar do tempo, o EXTREME tem ficado livre de um vinculo com algum mês ou período específico. Ambos os festivais, neste ano, completam a sua décima edição, ou seja, dez anos seguidos.

Este ano teremos o Morbid Angel, Belphegor e Ragnarok reunidos no “X Setembro Negro Festival”, ainda há mais bandas para esse ano? Pode adiantar alguma coisa para o próximo ano (2012)?
Edu:
Sim, neste ano ainda teremos o EXTREME METALFEST com o DARK FUNERAL, THE ACCÜSED e GAMMA BOMB juntos. Para 2012, tenho vários projetos, mas ainda nada confirmado para poder revelar.

Como você analisa o mercado de shows atualmente no Brasil e qual a projeção da Tumba para 2012?
Edu:
O mercado nacional anda bem saturado de shows, o que por um lado é muito bom, pois significa que o Brasil já faz parte da rota de turnês. Além disso, é muito bom ter várias bandas visitando o país com certa freqüência, que é o que acontece no mercado na Europa e EUA. Por outro lado, o interesse das pessoas diminuiu e o poder aquisitivo não acompanha a quantidade de shows, “forçando” muitos fãs a escolherem o show que podem comparecer naquele mês. 2012 não deve ser diferente do que foi 2010 ou 2011, com o dólar baixo e a enorme quantidade de bandas e produtores, devem rolar ainda mais shows no país.

Vamos falar agora sobre o seu gosto pessoal. Cite 5 bandas que você gostaria de trabalhar algum dia.
Edu:
Se pudesse escolher bandas que nunca trabalhei antes e que gostaria de trabalhar, mencionaria as seguintes: SLAYER, METALLICA, ZZ TOP, MOTORHEAD e AC/DC.

Obrigado pela entrevista e gostaria de ressaltar e parabenizar a Tumba Productions pelo profissionalismo, qualidade, seriedade e dedicação sua ao longo destes 15 anos.
Edu:
Muito obrigado pelo espaço, pela entrevista e pelo apoio!

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