O Carioca Club virou o território perfeito para o caos organizado do Matanza Ritual na sexta-feira, 21 de novembro. A casa lotada já antecipava a intensidade da noite, e a abertura com a Throw Me to the Wolves esquentou o público com uma apresentação afiada. O destaque ficou para a participação especial de Marcelo Pompeu, vocalista do Korzus, que elevou ainda mais a energia da casa e arrancou gritos de surpresa e entusiasmo da plateia. A performance já deixava claro que ninguém ali estava para meia-música, preparando com perfeição o terreno para a avalanche que viria em seguida.
Quando Jimmy London apareceu, a resposta foi imediata: gritos, braços erguidos e o tradicional coro irreverente de “hey, Jimmy, vai tomar no c*”, entoado com humor e cumplicidade, como manda a liturgia não-oficial dos shows do Matanza Ritual. O setlist, extenso e brutal, costurou os clássicos da era Matanza com a força das músicas da fase atual, mostrando o quanto a identidade do grupo segue sólida e incendiária.
Logo nas primeiras músicas, o público já estava entregue. Faixas como “Meio Psicopata”, “Remédios Demais”, “Bom é Quando Faz Mal” e “Eu Não Gosto de Ninguém” reacenderam a nostalgia pesada dos tempos de estrada, enquanto “A Casa em Frente ao Cemitério”, “Carvão, Enxofre e Salitre” e “Conforme Disseram as Vozes” reforçaram o lado mais denso e sombrio da nova fase. A alternância entre os dois momentos da carreira manteve a plateia em estado de combustão permanente.
As músicas do álbum A Vingança é Meu Motor — “Nascido Num Dia de Azar”, “Lei do Mínimo Esforço” e “Assim Vamos Todos Morrer” — apareceram com força e foram recebidas como novos hinos. E, ao lado delas, vieram também as favoritas que transformam qualquer salão pequeno demais: “Pé na Porta, Soco na Cara”, “Clube dos Canalhas”, “O Chamado do Bar”, “Quando Bebe Desse Jeito”, “Maldito Hippie Sujo” e “Ressaca Sem Fim”, todas cantadas em uníssono como se fizessem parte de um ritual coletivo e obrigatório.
“Mesa de Saloon”, “Interceptor V-6” (tocada duas vezes, para delírio do público), “Todo Ódio da Vingança de Jack Buffalo Head”, “Mulher Diabo”, “Melhor sem Você”, “O Último Bar” e “Ela Roubou Meu Caminhão” completaram um setlist longo, agressivo e sem respiro.
Entre um refrão gritado e um riff ensurdecedor, o show reafirmou por que o Matanza Ritual segue como um dos pilares mais energéticos do rock pesado nacional. Foi uma apresentação que não só divulgou A Vingança é Meu Motor, mas também celebrou a história que trouxe a banda até aqui — unindo passado e presente em um espetáculo visceral, barulhento e memorável.
No fim da noite, o sentimento geral era o de que ninguém queria ir embora. E talvez esse seja o maior mérito do Matanza Ritual: transformar cada show em uma experiência catártica e absolutamente necessária.
Throw me to the Wolves
Matanza Ritual
Por: Priscila Ramos e Aline Cristine Peixe.







































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