“Criamos o Folk Metal”. Confira entrevista com Keith Fay, líder do Cruachan

2011 realmente poderá ser considerado como o ano da invasão Folk, Viking, Pagan no Brasil. Após a enxurrada de shows e eventos voltados à esta cultura, quem irá desbravar pela primeira vez as longínquas terras de além mar será a banda irlandesa Cruachan, um dos nomes mais famosos do Celtic/Folk Metal Mundial.

O grupo formado por Keith Fay (vocal, guitarra, teclado, bodhrán, mandolin, percussão), John Clohessy (baixo), Colin Purcell (bateria, percussão), John Ryan Will (tin whistle, violino, banjo, bouzouki, teclado) e John O’ Fathaigh (tin whistle) está em plena turnê de divulgação do álbum “Blood on the Black Robe” lançado recentemente via Candlelight Records UK.

A reportagem conversou com o líder Keith Fay para saber como está a expectativa dos músicos para conhecer os seus obcecados fãs brasileiros, a repercussão do novo álbum, além de revelações sobre o backstage da banda.

Por Costábile Salzano Jr

“Blood on the Black Robe” revela uma notável mudança na sonoridade do Cruachan. O que você tem a declarar sobre este novo trabalho?
Keith Fay:
Há várias razões para isso. Nós sempre quisemos retornar a um estilo mais pesado e isso aconteceu com o passar dos anos. Em “The Morrigans Call”, você definitivamente pode ouvir o nosso lado mais extremo de volta. Nós também nos sentimos responsáveis pela tendência do Folk Metal. Hoje encontramos bandas piadistas, cantando e bebendo ou merdas desse tipo. Quando nós começamos nos idos anos de 1992, nós éramos uma banda série e assim continuamos. A música Folk não é sempre divertida e animada, na música folclórica real – a música folclórica irlandesa especialmente há tanta tristeza, tanta dor, queríamos trazer isso em nossa música e mostrar às pessoas a música popular real e, por sua vez, folk metal real! Quando Karen deixou foi o último passo que precisávamos para retornarmos totalmente ao nosso som mais pesado, sendo os vocais agressivos na vanguarda!

O que te inspira a compor. Você precisa de algum estado de espírito para começar seu processo de criação?
Keith Fay:
Eu me inspiro com qualquer coisa. Na verdade, não preciso estar em um modo especial, mas eu definitivamente preciso estar focado no que estou fazendo e assim por diante.

Quais músicas deste novo trabalho que mais te agrada? O atual feedback dos fãs é o que realmente determina este trabalho com o melhor da sua carreira?
Keith Fay:
As respostas a todas as canções tem sido muito forte. Os fãs estão gostando da nossa nova obra como um todo o que é ótimo e realmente mostra o foco que colocamos no CD. Pessoalmente, estou muito feliz com “The Nine Year War”.

Há algumas composições deste novo álbum que foram compostas pensando na performance ao vivo?
Keith Fay:

Sim, nós tentaremos tocar o máximo de músicas novas ao vivo em virtude dos festivais de verão aqui na Europa. A principio, iremos tocar “I am Warrior”, “Blood on the Black Robe”, “Thy Kingdom Gone”, “Pagan Hate” and “Primeval Odium”.

Um tipo de vírus do Folk Metal está se alastrando pelo Mundo. Todos os dias surgem novas bandas englobando elementos folclóricos com o Metal sem contar Korpiklaani, Finntroll, Eluveitie, Týr e outros nomes. De alguma forma este vírus chegou a promover o Cruachan?
Keith Fay:
Bem, nós e o Skyclad somos criadores deste vírus. Eu acredito que tivemos ganhos em popularidade. Infelizmente não ficamos em turnê por longos meses como muitas das bandas que você mencionou, mas nós tentamos sair tão freqüentemente quando podemos.

O que significa o paganismo para você?
Keith Fay:

O Paganismo sempre foi algo bastante particular para mim. Minhas crenças podem ser um tanto diferente para os outros, mas ainda muito relevante.

Como precursores de um estilo musical, o que faz da música do Cruachan especial?
Keith Fay:

Nós somos completamente diferentes das outras bandas que se intitulam Folk Metal e que apareceram do nada nos últimos 10 anos. Sem contar que nós estávamos aqui antes de todos eles. O mais interessante é que nossa música ainda é atual, diferente e assim será no futuro!

Qual foi a melhor platéia do Cruachan até o momento?
Keith Fay:
Eu não sei. Essa pergunta é um tanto provocativa! (risos)

Qual foi a coisa mais curiosa ou engraçada que já aconteceu em um show ou no backstage?
Keith Fay:
Oh! Por onde eu devo começar? (risos) Ok, Uma vez, em um trem noturno na Rússia, de São Petersburgo para Moscou estávamos muito bêbados e fazendo muito barulho, nós não pensamos assim, mas isso não importa. Um dos seguranças do vagão chamou a polícia para parar o trem na estação seguinte. Então, nós estávamos bebendo na nossa cabine e a nossa porta foi arrombada por dois policiais com fuzis de assalto apontando para nós! Eu quase morri de susto. A nossa descrença fora o tour manager explicando que o proprietário da empresa de turismo é de algum tipo grande mafioso em Moscou e depois os policiais pedirem desculpas para nós. Enquanto tudo isso estava acontecendo, o motor do trem foi roubado por bandidos russos! Tudo isso é verdade, tivemos que esperar por duas horas para um novo motor para seguir viagem. Insano, não? (risos)

Você tem algum tipo de ritual antes de entrar no palco?
Keith Fay:
Acredito que o nosso ritual deve ser colocarmos os nossos trajes de show (risos). É sempre um pesadelo nos prepararmos em camarins apertados e arrumarmos espaço para nos preparamos em meio aos caos de instrumentos, tour manager, promotores, fãs.

O que você pensa sobre a aumento do Pagan/Folk Metal na América do Sul?
Keith Fay:
Isso é fantástico!!! Eu vi isso acontecer desde a década de 90. Sempre recebemos e-mails de fãs da América do Sul e será um enorme prazer tocar para nossos seguidores!

O que o público pode esperar desta primeira apresentação do Cruachan no Brasil?
Keith Fay:
Esperemos ter uma experiência incrível. Adoramos tocar ao vivo, especialmente quando a multidão está animada para uma boa festa. Eu só ouvi elogios do público brasileiro e esperamos conhecer essa famosa insanidade.

Qual é a principal impressão que você realmente espera dos shows no Brasil?
Keith Fay:
Eu realmente quero mostrar aos nossos fãs o quanto nós adoramos eles. Eu espero encontar e conversar com todos. Esta é a parte mais legal de qualquer show.

is são os seus planos para 2011?
Keith Fay:
Esperamos ter nosso novo álbum composto por inteiro e em 2012 já entrar em estúdio. Queremos fazer o máximo de shows este ano e acredito que teremos o ano mais ocupado dos últimos anos em nossa carreira o que será excelente é claro!

Muito obrigado pela atenção e pela chance de conversar contigo. Sinta-se a vontade para deixar uma mensagem aos fãs do Brasil.
Keith Fay:
Eu que agradeço pelo espaço e um grande abraço aos nossos fãs brasileiros. Espero que realmente vocês gostem do nosso show e estamos ansiosos para encontrar vocês. Pode esperar o nosso melhor!

Serviço Curitiba
Data: 11/10/2011
Local: Blood Rock Bar
Endereço: Rua Carlos Cavalcanti, 1212 – São Francisco
Ingressos: 1°lote: R$ 35,00
Pontos de venda: Dr Rock, Let’s Rock, Túnel do Rock, Ritos e Mitos, Alameda do Rock
Venda Online: www.diskingressos.com.br
Informações: (41) 3315-0808

Serviço São Paulo
Data: 12/10/2011
Local: Blackmore Rock Bar
Endereço: Alameda dos Maracatins, 1.317, Moema.
Hora: 19h
Ingessos:
1°lote: R$ 60,00 | 2°lote: R$ 70,00 | Na porta: R$ 80,00
Galeria do Rock
LadySnake: 1° e 2° andar, lojas 213 e 373 – (11) 3333.6931 e 3361.7705
Rockland: 1º andar, sala 262 – (11) 3362.2606
Venda Online: http://darkdimensions.webstorelw.com.br.

Ragnarok: Confira entrevista com o baterista Jontho

Confira abaixo entrevista com Jontho, baterista da banda norueguesa Ragnarok, que inicia em setembro uma extensa turnê brasileira ao lado do Belphegor.

Por Cyntia Marangon

1- Gostaria de começar perguntando sobre a última vinda da banda para o Brasil que ocorreu ano passado (2010), juntamente com a banda Vader. Sendo que, foi a primeira vez que vocês tocaram em solos brasileiros. O que você tem a dizer desta experiência resumidamente?
JONTHO:
Tocar no Brasil pela primeira vez foi uma nova experiência para nós. Eu acho que tenho que colocar essa turnê dentre as melhores na história do Ragnarok. Tudo foi muito bem organizado e o público foi muito mais do que esperávamos. Também foi muito bom fazer a turnê junto com o Vader.

2- Agora, sobre os shows que acontecerão no Brasil em Setembro, ainda deste ano. Quais são as expectativas nesta nova vinda? E o que os fãs podem esperar?
JONTHO:
Sim, nós estamos ansiosos para detonar mais uma vez no Brasil. Desta vez espero ver ainda mais pessoas nos shows, pois nosso nome e nossa fama cresceu, desde a ultima turnê brasileira. Eu sinto que o Brasil e a América do Sul devem ter perdido a chance de ver uma grande banda de Black metal, pois não tocam muito por aí. Mas agora, todo mundo terá a chance de ver uma banda norueguesa, no seu melhor, do mais puro e verdadeiro Black Metal. Os fãs podem aguardar o mais puro Black Metal! Eles sentirão a liberação de todos os nossos demônios internos no palco e em suas mentes!

3- Da última vez, vocês estiveram visitando apenas quatro capitais do nosso país: São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Goiânia. Neste ano alem destas vocês iram se apresentar em mais três cidades do Norte/Nordeste brasileiro (Belém, Fortaleza e Salvador), inclusive o Rio de Janeiro/RJ, qual seria a expectativa de tocarem pela primeira vez por lá?
JONTHO:
Bem, o que me foi dito é que os fãs no Norte/Nordeste são ainda mais loucos, por isso estou realmente ansioso para que isto que ouvi seja comprovado de fato! Novos lugares são sempre bons para nós, pois assim podemos espalhar e mostrar do que o verdadeiro Black Metal é feito! Também estou ansioso pelo show em Goiânia, já que da última vez, nosso show foi cancelado. O retorno será muito grande para todos os fãs que ficaram desapontados na última vez.

4- Recentemente vocês fizeram uma turnê extensa pela Europa, de 29 shows, juntamente com os brasileiros da banda Nervochaos, o que você tem a dizer sobre isto?
JONTHO:
Realmente foi a nossa maior turnê, e uma turnê que experimentamos de tudo, desde dias ruins, comidas ruins, produtores péssimos e marketing ruim. Também tivemos dias bons, comidas boas, produtores excelentes e assim por diante. Mas o mais importante nessa turnê foi que fizemos novos irmãos, os integrantes do NervoChaos, afinal passamos mais de 30 dias juntos. Eu também tenho que mencionar a nossa nova irmã, claro você….Cyntia!!! O Edu fez um ótimo trabalho como membro da banda e como “tour manager” de toda a turnê. Esperamos fazer algo assim novamente, sei que será ainda melhor e mais matador!!!!

5- O Ragnarok vem crescendo musicalmente e abrangendo uma grande quantidade de público, como você resumiria estes anos todos de muito trabalho e dedicação?
JONTHO:
Bom, como você mesmo disse, temos crescido musicalmente e isso vem abrangendo uma grande quantidade de público…E isso por um lado tem sido um inferno durante as turnês e viagens. Eu acredito que tenhamos uma maldição contra nós, porque nós nunca tivemos nada de graça. Sempre houve barreiras que precisamos lutar para transpô-las, mas esta máquina de guerra nunca vai parar. Então, para resumir, eu posso apensar dizer que todo o trabalho duro e a dedicação, nos trouxe na posição que estamos hoje. E isso prova que, o que tenho em meu coração e na minha mente, não seria apenas uma tendência passageira ou um modismo. É muito bom ver diariamente que o árduo trabalho compensa, em especial quando eu vejo os verdadeiros fãs da banda.

6- Da onde vem à inspiração para todo o trabalho de composição das musicas, arranjos, e letras?
JONTHO:
Dos humores internos, sentimentos e crenças. Sempre estou muito inspirado pela minha própria loucura e nas forças negativas. É muito complicado explicar, mas nem tudo é como parece. O nosso interior é muito mais escuro do que a maioria das pessoas podem achar.

7- Jontho, você foi e é o grande fundador e o único membro que permaneceu da formação original até hoje na banda. O que você tem a dizer sobre as constantes trocas de membros que ocorreram durante estes anos e como isto afetou você e o público?
JONTHO:
Primeiro de tudo eu quero dizer que eu realmente odeio isso! Eu odeio ter que procurar gente nova para a banda e ter que conhecê-los musicalmente. Mas até agora a minha estratégia para buscar novas pessoas, que façam boa música, tem dado certo. Nosso principal problema é com os vocalistas, pois temos um diferente para cada álbum lançado. Isso é o que me deixa muito chateado, porque o vocalista também assume o papel de “frontman” da banda e muitas pessoas passam a ter uma relação muito pessoal com o vocalista de uma banda. É muito ruim para uma banda mudar o tempo todo de formação. Muitas vezes fico imaginando porque os vocalistas que passaram pela banda não conseguem entender que eu sou a força por trás desta banda e que eles precisam trabalhar forte para dar continuidade a tudo que eu construí até o momento. Eu posso prometer para você que isso ainda não se encerrou… Em breve haverá mais uma mudança na nossa formação, mais uma vez. Isso afeta muito a banda e acaba fazendo meio que retornarmos a estaca zero e também confunde muito o público. Mas lembrem-se quem continua fazendo essa banda forte e devo dizer que quando eu morrer, o Ragnarok morrerá.

8- O mais recente álbum, Collectors of the King (2010), e atual trabalho de divulgação, foi lançado após seis anos do tão reconhecido Blackdoor Miracle, houve bastante criticas positivas e negativas, o que você tem a dizer sobre este último trabalho?
JONTHO:
O nosso último álbum foi lançado na hora certa mostrando o verdadeiro, grande e puro Black Metal. Nós não achamos muitas críticas ruins, e sim, na maioria positivas. Assim como todos os nossos álbuns, é apenas uma questão de tempo para que mais e mais pessoas entendam como o Ragnarok é grande! O trabalho foi muito mais simples do que no álbum “Blackdoor Miracle” e também por isso estou muito satisfeito.

9- Vocês pretendem gravar algum novo trabalho? Pra quando seria?
JONTHO:
Sim, nós vamos gravar um novo álbum, que será lançado no ano de 2012 e já estamos compondo novas músicas. Já temos 4 músicas novas em fase de finalização. Este novo álbum será uma obra-prima!!!

10- Para encerrarmos, gostaria que você mandasse uma mensagem para os fãs brasileiros que aguardam ansiosamente pelos próximos shows.
JONTHO:
Muito obrigado a você Cyntia pela entrevista. Estamos ansiosos para reencontrá-la em breve no Brasil! Aos nossos fãs, não percam a máquina de guerra norueguesa chamada RAGNAROK, que em breve soltará toda a munição de fogo em um palco perto de você! HAIL SATAN!

Exclusivo: Agenda Metal entrevista fundador da produtora Dark Dimensions

A Dark Dimensions é uma produtora de eventos em São Paulo, Brasil. A produtora foi criada em janeiro de 2002 com a intenção de promover e impulsionar a cena (heavy, gótica, new metal, thrash, death e black) brasileira e da América do Sul.

E com exclusividade ao Agenda Metal, o empresário Marcos Langsuyar, criador da Dark Dimensions, nos conta algumas novidades e curiosidades sobre sua trajetória.

Dark Dimensions já produziu mais de 250 eventos nacionais, 18 internacionais e está em constante crescimento. Conte-nos como surgiu a Dark Dimensions.
Marcos Langsuyar:
Bom, eu era um grande freqüentador de baladinhas em São Paulo, mas sempre faltava algo mais nas baladas, então eu resolvi criar a Dark Dimensions e fazer as baladas como eu gostaria de ir e deu muito certo, tínhamos a maior média de público todo final de semana em sampa, sinto falta disso hehehe.

A primeira banda que vocês trouxeram ao Brasil foi o Theatres des Vampires em setembro de 2007. Como foi a experiência?
Marcos Langsuyar:
A experiência com o Theatres des Vampires foi muito boa, como foi a primeira banda internacional que trabalhamos valeu a experiência, o problema maior foi o pequeno público.

Tivemos duas edições do Extreme Hate Festival: Com o Dismember (outubro de 2008) e com o Sinister (fevereiro de 2009). Teremos novas edições desse festival?
Marcos Langsuyar:
Sim, o festival não esta morto! Estamos pensando em uma edição para este ano, estamos buscando algumas bandas interessantes por isso a demora para uma definição.

Recentemente tivemos o cancelamento da turnê do Anathema. Posteriormente, ela foi remarcada na América do Sul em julho, mas desta vez sem datas no Brasil. O que ocorreu?
Marcos Langsuyar:
O que aconteceu com o Anathema é uma coisa que eu realmente nunca vi, eles fecharam contrato conosco, depois deste contrato fechado, o produtor da Argentina que tinha contrato com eles (eles compraram 3 shows: México, Chile e Argentina) ameaçou a banda que se eu não pagasse mais (do que estava em contrato) ele cancelaria toda a tour, o agente da banda enviou um email dizendo que preferiria cancelar o Brasil do que cancelar toda a tour, a opção deles foi adiar a tour e queriam que a gente pagasse o dobro do valor do que já estava assinado no contrato, realmente eu vi que a banda e todos que trabalham com ela não tem respeito pelo Brasil, eu sinceramente espero que eles nunca venham tocar aqui, nós não precisamos deles!

Depois do sucesso da apresentação do The Agonist que teve até que mudar para um local maior, veio a notícia que a Floor Jansen estava doente e que a turnê sul-americana do ReVamp deveria ser adiada por recomendações médicas. Como você recebeu a notícia? Já temos alguma previsão para novas datas?
Marcos Langsuyar:
Isso nos desanimou depois de toda empolgação com o The Agonist. Eu conversei com o agente da Floor, e ela está muito doente, a mesma me escreveu pedindo desculpas, que está muito mal com tudo isso, provavelmente vamos fazer alguma coisa com o ReVamp em 2012, vamos esperar como que a Floor se recupera, já que o médico dela proibiu a mesma de fazer qualquer show nos próximos 3 meses.

Até o momento, a Dark Dimensions trouxe ao Brasil as bandas Theatres des Vampires, Epica, Dismember, Sinister, Arch Enemy, Dragonforce, Xandria, Primal Fear, Skid Row , Rob Halford, Deathstars, Mike Herrera Mxpx, Dark Tranquillity, Sirenia, The 69 Eyes, Cradle Of Filth, Finntroll e The Agonist. Poderia nos contar algum momento marcante ou especial para você nessa trajetória?
Marcos Langsuyar:
Bom, todos os shows são marcantes, alguns mais porque eu fiquei amigo de algumas bandas, coisas do tipo brincadeira, um sempre escrever para o outro, etc. Teve algumas situações chatas em que a banda chega e troca somente um “oi”. Fica um lance muito fechado mesmo, mas faz parte.

E em qual perfil o Rob Halford se encaixa?
Marcos Langsuyar:
Tive pouco contato com o Halford, mas pra mim é o melhor vocalista, é humilde e bem profissional.

Agora, quais foram as maiores dificuldades nesse período?
Marcos Langsuyar:
As dificuldades que temos sempre é de fazer tudo independente, realizamos todos os shows com a nossa força e com dinheiro limpo, eu sei de produtoras nacionais que usam o dinheiro sujo para produzir os shows, mas isso a Dark Dimensions não vai fazer.

Como você vê o mercado de shows e eventos atualmente e qual a projeção da Dark Dimensions para 2012?
Marcos Langsuyar:
Bom, até o momento estamos vendo tudo com calma, apareceram produtoras novas que realmente estão banalizando todo o mercado. 2012 é uma incógnita, já que eu penso que em breve não vamos ter mais nenhuma novidade para trazer ao Brasil, mas espero estar errado. Todo final de semana tem um show internacional…

O próximo show da Dark Dimensions será o Sirenia (novembro). Tem espaço para mais alguma confirmação esse ano? Poderia nos adiantar algo?
Marcos Langsuyar:
Acabamos de confirmar a banda irlandesa de folk Cruachan e estamos negociando com mais 3 bandas, em breve teremos surpresas!

Cite 5 bandas favoritas ou que gostaria de trabalhar algum dia.
Marcos Langsuyar:

– Judas priest
– Megadeth
– Type o Negative
– Paradise Lost
– Metallica

Gostaria de agradecer e parabenizar a Dark Dimensions, pela qualidade, diversidade das bandas e respeito aos fãs brasileiros.
Marcos Langsuyar:
Eu que agradeço, espero que o público continue prestigiando nossos shows e aceitamos sugestões de bandas para trazer ao Brasil, quem quiser enviar a sua pode escrever para ddeventos@hotmail.com

Valeu!

Exclusivo: Agenda Metal entrevista fundador da produtora Negri Concerts

A produtora Negri Concerts, responsável por trazer ao Brasil grandes nomes internacionais do heavy metal e suas vertentes, anunciou recentemente a primeira turnê do Disturbed pela América do Sul e irá completar sua décima quinta turnê no próximo mês com a banda Grave Digger.

Em meio a tantas novidades, o fundador da Negri Concerts, o empresário Felipe Negri, conta com exclusividade ao Agenda Metal algumas curiosidades, novidades e um pouco mais do mercado atual de shows no Brasil.

Vamos começar falando um pouco sobre a história da Negri Concerts. Além dos shows no Brasil, vocês também têm produzido shows em outros países da América do Sul, como Chile, Argentina e Bolívia. Como tudo começou?
Felipe Negri:
Na verdade eu já trabalhava no meio de produção musical já tinham alguns anos, tudo começou quando eu pedi demissão de uma conhecida agência de shows, pois não agüentava mais ser explorado e ver como as bandas eram tratadas como pura e simples mercadoria, era absurdo e eu tinha que mudar aquilo! Justamente com esse conceito de dar valor ao artista e aos fãs é que comecei a trabalhar sozinho com a NEGRI CONCERTS, pode parecer piegas, mas eu tento usar um conceito diferente do usual, sem pagar mixaria para as bandas e sem estuprar o bolso dos fãs.

A Negri Concerts participa de todas as etapas do evento, desde a criação, planejamento, coordenação, execução e ainda conta com um departamento de pré-produção. Conte-nos um pouco mais sobre esse processo e o trabalho da Negri Concerts.
Felipe Negri:
Primeiro de tudo é feito um estudo de demanda, seguida planejamos a tour junto com o artista e suas necessidades (quantidade de shows, day’s off, exigências, vôos etc) e por final a execução de todo o trabalho. É realmente desgastante, não tem o glamour que todos acham que existe e não é o emprego dos sonhos em muitos aspectos, mas é compensador quando tudo dá certo!

A primeira banda que vocês trouxeram ao Brasil foi o Grave Digger em novembro de 2009. Como foi a experiência.
Felipe Negri:
Foi fenomenal e tenso ao mesmo tempo! Logo de cara lidar com uma lenda como GRAVE DIGGER não é fácil, principalmente para mim que sou fã confesso dos caras, mas tudo funcionou perfeitamente, os fãs adoraram e a banda achou tudo ótimo, prova disso é que faremos outra turnê do GRAVE DIGGER no mês que vem!

O crescimento na Negri Concerts é nítido. Em pouco mais de 2 anos vocês já trabalharam com 16 bandas internacionais e mais de 35 shows na América do Sul. Poderia compartilhar algum momento marcante ou especial, nessa trajetória?
Felipe Negri:
Tudo é marcante e especial quando você faz o que faz com paixão. Eu comecei isso tudo contra MUITOS interesses externos, mas acho que um dos momentos mais marcantes foi o primeiro show do DEICIDE em 2010 em Santiago no Chile, ver que eu realmente podia fazer aquilo e que ninguém poderia me parar foi incrível.

Qual foi a maior dificuldade que vocês encontraram até agora?
Felipe Negri:
Como eu disse acima, eu luto contra muitos interesses externos e por isso mesmo às vezes é muito difícil, principalmente quando um punhado de estrangeiros que tenta dominar o mercado tenta te queimar a todo custo, acho que essa é a maior dificuldade, provar a cada dia seu valor sem um “padrinho”, sem ter nascido em berço de ouro. De qualquer forma isso também é parte do meu combustível, é uma das coisas que impulsiona nessa luta dia após dia.

As próximas turnês da Negri Concerts são: Grave Digger (julho), Devildriver (agosto), Disturbed (agosto), Destruction (agosto), Blind Guardian (setembro), WASP (setembro) e Overkill (novembro). Um semestre muito agitado! Ainda tem mais espaço para alguma turnê? Poderia nos adiantar algo?
Felipe Negri:
Ah sim… É realmente um segundo semestre BEM agitado!!! Ainda existem 2 atrações muito esperadas pelo público a serem confirmadas, infelizmente não posso dizer, mas em breve vocês todos saberão!!!

Duas apresentações foram canceladas no início do semestre por problemas com os promotores locais. Isso ainda é um grande problema? Você vê melhoras nesse sentido?
Felipe Negri:
Infelizmente algumas pessoas tentam dar o “passo maior que a perna”, é como você ganhar um salário mínimo e querer comprar uma mansão em bairro nobre, você simplesmente não vai conseguir pagar por ela, foi exatamente o que aconteceu em ambos os casos. A única melhora nisso é que dessa forma os maus promotores saem do mercado para que somente os bons permaneçam.

Em abril deste ano a Negri Concerts anunciou uma turnê sul-americana do Kamelot, mas logo em seguida o vocalista Roy Khan anunciou seu afastamento da banda. Como você recebeu essa notícia?
Felipe Negri:
Foi realmente difícil, mas ao mesmo tempo não podíamos fazer nada, nós tínhamos contratado o Kamelot e não Roy Khan. Roy era uma parte do Khamelot e no momento em que ele deixou a banda nós não pudemos fazer nada a não ser honrar nossa palavra com os promotores que adquiriram os shows e com o público que se preparava para o show e para mim isso vale mais do que tudo. Quando eu empenho minha palavra nada pode mudá-la, não é apenas uma decisão de negócios, mas de como eu vejo o mundo, no fim das contas os shows com Lione nos vocais foi maravilhoso e eu acho que o saldo foi muito positivo!

Em fevereiro tivemos Primal Fear e Anvil na mesma noite em São Paulo. Existe a possibilidade de mais doses duplas no futuro?
Felipe Negri:
Estamos trabalhando nisso!!! Tentamos fazer a mesma coisa com DEVILDRIVER e ILL NIÑO, mas infelizmente acabou não acontecendo.

Como você vê o mercado de shows e eventos atualmente? O Brasil definitivamente entrou na rota das turnês internacionais? Qual a projeção da Negri Concerts para 2012?
Felipe Negri:
O mercado está extremamente saturado, shows demais para público de menos e dinheiro de menos. Eu ainda acho que o mercado deve manter-se ruim por mais 1 ou 2 anos até entrar em colapso como aconteceu no Japão nos anos 80, e, depois de alguns anos tudo voltará ao normal.

A projeção para 2012 é de entrar cada vez em shows maiores e fazer menos shows de médio porte, justamente para sair do risco que esse mercado representa para aquele que investe nele.

Vamos falar um pouco sobre seu gosto pessoal. Cite 5 bandas favoritas ou que gostaria de trabalhar algum dia.
Felipe Negri:
Bem, vou citar as que eu mais gosto, já trabalhei com algumas delas, mas definitivamente são as minhas favoritas:

MY DYING BRIDE
IRON MAIDEN
ACCEPT
GAMMA RAY
BLIND GUARDIAN

Gostaria de agradecer a entrevista e parabenizar a Negri Concerts, pela seriedade e qualidade de seus eventos.
Felipe Negri:
Eu que agradeço o espaço!!! Fiquem ligados no site da NC – www.negriconcerts.com.br

Confira entrevista com Fábbio Webber, vocalista/guitarrista do Sacrário

Com 20 anos de existência, a banda gaúcha Sacrário, está a todo vapor, divulgando seu mais novo trabalho “Stigma of Delusion”, lançado em 2010 pela Voice Music. A banda, como quase todas do nosso gigante underground, teve algumas dificuldades e nesse bate papo fala sobre isso, um pouco da sua história e o reaparecimento da banda, em 2007. Vamos as respostas do vocalista/guitarrista Fábbio Webber.

Para começar – Sacrário:: Lugar onde se guarda o Corpo de Cristo depois da celebração da Eucaristia, para que se possa levar aos doentes quando seja necessário, e para que todos possam rezar diante dele. Poderia explicar um pouco do que está por trás deste nome.

Bom, logo no início de suas atividades, o SACRÁRIO ensaiava no porão de uma igreja. E o estúdio era localizado logo abaixo do altar, próximo ao SACRÁRIO. Como era um nome diferente e original, um antigo membro do grupo o sugeriu , então como todos aprovaram, a banda adotou o nome.

Quase 20 anos. É uma longa estrada. Poderia nos contar resumidamente como foram estes anos.

Na verdade, estivemos parados durante 8 anos, então temos praticamente 12 anos de atividades e quase 20 de existência…Mas como toda banda de metal, tivemos de enfrentar todo tipo de dificuldades, altos e baixos. Adquirimos experiência, muitos fãs, fizemos muitos shows e aprendemos muito durante todos estes anos. Tanto que sempre acreditamos na nossa música, por mais que a situação estivesse difícil, nunca desistimos, pois somos fãs de nós mesmos. Agora estamos mais experientes, confiantes e mais maduros.

Como você vê o metal hoje em dia, em vista do vivenciado em tempos idos.

Atualmente há uma quantidade enorme de bandas, há mais subdivisões dentro do metal, e há a internet , que é um dos principais meios de acesso às bandas, mas por outro lado, o metal perdeu, e muito, a sua essência. A música está muito mecanizada, sem alma, pois com a internet e toda a tecnologia que temos hoje, qualquer pessoa sem a mínima noção musical grava um álbum, por esta razão temos esta enxurrada de bandas que muitas vezes nem metal o são, tentando modernizar e fundir estilos bizarros sem a mínima noção do que fazem, se repetindo a cada momento. Apesar disso há boas bandas novas surgindo. Mas, infelizmente não se faz mais metal como antigamente, com “aquele” feeling, com aquela “atmosfera”. Hoje temos o que chamamos de “robotic metal”.

Eutanásia ou boa morte, é um tema abordado no último álbum. Particularmente, tenho um posicionamento totalmente a favor que ela ocorra. Gostaria que expressasse seu ponto de vista sobre o assunto.

Ninguém tem o direito de tirar a vida de quem quer que seja, independente de quaisquer circunstâncias, mas por outro lado não vejo motivo para um ser humano ficar vegetando e sofrendo durante meses ou anos sobrevivendo apenas através de aparelhos, então penso em favor da eutanásia.

O release da banda informa que houve problemas antes do lançamento do primeiro álbum o que levou um hiato de 7 anos, a volta e o lançamento do mesmo. Como foi este período, do fim ao recomeço?
Durante o tempo em que estivemos parados, nunca deixamos de nos falar, muito pelo contrário, sempre estivemos em contato, conversando muito e falando no retorno da banda, e quando tivéssemos os membros certos retornaríamos. E foi exatamente o que aconteceu.

Em relação ao primeiro disco da banda, ele originalmente deveria ter sido lançado na década de 90. Mas acabou sendo lançado em 2007. Corrija-me se estou equivocado. O material existente neste primeiro full-lenght é o original da década 90, ou foi regravado e , digamos, atualizado para a visão musical da banda atual?

Nós não modificamos nem alteramos em nada a gravação do álbum, ele está 100% exatamente como gravamos na década de 90. Pensamos muito a respeito disso e concluímos que o melhor seria não mexer em nada. Não quisemos correr o risco de tirar a essência das músicas e toda a atmosfera delas, além de que iríamos gastar muito dinheiro, que poderia ser investido num novo álbum, então resolvemos manter toda a originalidade da gravação.

Nos últimos anos, tanto a nível de Brasil, como mundial, percebe-se uma ciclo favorável ao Thrash Metal, com várias bandas surgindo e uma atenção favorável. E é claro, o teatro armado pelo “Big Four”. Qual a visão da banda sendo já uma veterana com seus quase 20 anos de estrada?
É ótimo ver isto acontecer, já que o estilo Thrash é o que mais admiramos e gostamos e todas estas bandas das antigas, da fase de ouro do metal, na ativa e tantas outras retornando, mas que isso seja pela paixão pela música, não pelo dinheiro, porque Metal de verdade se faz com feeling, com o coração, aí sim somos totalmente favoráveis à cena.

Em abril, a banda fará uma tour na Argentina. Quais as expectativas para esta tour? E a primeira aventura fora da ‘Terra Brasilis’ ou já houve outras experiências neste sentido? E a gravadora tem apoiado?
Nossas expectativas são grandes e as melhores possíveis, estamos muito ansiosos com estes shows fora do Brasil, até porque será a primeira vez que o Sacrário tocará fora do país, então esperamos o melhor para a banda, que nossa música seja mais reconhecida . Faremos o máximo para que estes shows soem o melhor possível e atinja o maior número possível de pessoas para que todos apreciem nosso trabalho e o metal feito no Brasil.

Tenho visto que o disco tem aparecido na mídia especializada. Como tem sido a recepção deste novo disco?

Até agora em todos os lugares onde alguma resenha do novo álbum foi feita só há críticas positivas, a aceitação tem sido ótima, e para ser sincero não esperávamos tanto. São inúmeros elogios a banda desde a arte da capa e tudo o mais. E isto se deve ao nosso esforço e a nossa dedicação à música que fazemos, por isso estamos muito contentes e satisfeitos.

É perceptível em suas letras temas ligados a religião. O que você pensa sobre esta indústria espiritual que parece cada vez aumentar sua popularidade?

Infelizmente com todo o desenvolvimento, nível tecnológico e cultural que temos no mundo hoje, não entendemos como ainda existem pessoas ingênuas neste planeta. Como existem pessoas que acreditam no absurdo. Não conseguimos compreender isto. Como, por exemplo, “pagar para se ter um lugar mais próximo de Deus no céu“. Todos estes pilantras se aproveitando da ingenuidade e da humildade de muitas pessoas, tirando (roubando) dinheiro de quem não tem.

Confira entrevista com Chrigel, líder e vocalista do Eluveitie

Prontos para conquistar o Brasil!

Após rodar por três continentes, a banda Eluveitie está ansiosa para encontrar seus fãs

2011 mal começou e já temos uma enxurrada de shows confirmados. No entanto, começamos a observar ainda mais a vinda de bandas com a temática folk com o grande objetivo de desbravar as longínquas terras de além mar. Grande exemplo disso, são os suíços do Eluveitie que chegam ao Brasil no final deste mês de janeiro para uma série de apresentações pelas cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba.

A reportagem conversou com o lider e vocalista Chrigel Glanzmann para saber como está a expectativa dos músicos para conhecer os seus obcecados fãs brasileiros, a repercussão do novo álbum, a vida na estrada e muito mais sobre a intimidade de uma das principais bandas de folk metal da Europa.

por Costábile Salzano Jr

O que o público pode esperar da primeira apresentação do Eluveitie no Brasil?
Chrigel:
O show do Eluveitie é bastante energético. É como se trouxéssemos as pessoas para dentro do encanto da música celta usando a brutalidade do mais puro e devastador Heavy Metal.

Vocês já lançaram quatro discos muito bons. Qual é a motivação vocês aplicam durante as gravações para que um disco soe um melhor que o outro?
Chrigel:
Oh, muito obrigado! Quando estou escrevendo as músicas do Eluveitie tudo se desenvolve naturalmente e fora da intuição. Claro que o nosso objetivo é fazer sempre o melhor, mas acho que isso é algo natural para todos os músicos.

Você acredita que o Eluveitie já atingiu a sua tão almejada personalidade musical ou é algo que vocês estão em busca?
Chrigel:
Eu acredito que a Eluveitie está em busca da sua personalidade musical desde o dia em que foi fundada! E isso, vai se moldando com o passar dos anos. Porém, isso não significa que a banda vai parar de se desenvolver. Na verdade, a banda se desenvolveu muito nos últimos oito anos. Este é um processo natural e não vai parar.

Como você descreveria o Eluveitie para uma pessoa que nunca ouviu falar sobre vocês?
Chrigel:
Imagine você tem o mais moderno death metal melódico, bem como a autêntica música folclórica tradicional celta – se você derreter os dois juntos, o resultado é o som do Eluveitie.

Na minha opinião, neste novo álbum, o som da banda é muito mais evidente. Você acredita que com o tempo os seus integrantes estão ficando melhores?
Chrigel:
É tudo um processo natural. Somos todos músicos cheios de sangue e viciados em música. Tocar e escrever música é o que nós fazemos, é o sentido da nossa vida. Então, é claro que cada um de nós está ficando melhor e as habilidades instrumentais estão crescendo. As minhas habilidades como compositor também estão enriquecendo pela experiência ao longo dos anos. Além disso, estamos fazendo muitos shows a cada ano, estamos em turnê quase constantemente. Isso tem feito com que a banda cresça muito musicalmente, assim como pessoalmente. Somos uma família hoje. Isso você também pode ouvir no nosso último álbum.

Mas quanto à clareza do som dos nossos álbuns mais recentes, esta também tem basicamente a ver com a produção. Mixar e produzir um álbum do Eluveitie nunca é algo fácil, porque há sempre muita coisa insana acontecendo. Só para você ter idéia, na faixa-título de “Everything Remains…” havia mais de 90 faixas pra mixar, o que é realmente demais. Cada vez que você está gravando e produzindo um álbum que você tem a chance de ganhar mais experiência e aprender. Isto é o que estamos fazendo e cada produção deixamos as coisas que aprendemos com as produções anteriores nos guiar.

Vamos falar um pouco mais sobre o novo lançamento. Há alguma música que particularmente você se orgulha mais? A resposta dos fãs é o que realmente determina o seu melhor material?
Chrigel:
Sim e não. Basicamente, nós amamos cada faixa deste trabalho. E isso é um bom sinal, eu diria. Mas depois de estar em turnê divulgando o álbum por um ano, podemos dizer que, por exemplo, “Nil” e “(do) Minion” são algumas de nossas canções favoritas para tocar ao vivo. Elas são realmente rock.

Algumas músicas novas foram concebidas pensando como seria executadas durante o show?
Chrigel:
Bem, estar em uma turnê quase que constante nos torna uma banda voltada para os shows. Portanto, nossas músicas são sempre voltadas para o lado da apresentação. Então, eu diria que a nossa música está predestinada ao palco.

Quais bandas ou músicos que você acredita ser as principais influencias do Eluveitie?
Chrigel:
Basicamente não temos uma espécie de bandas “influentes” no sentido de “arquétipos”. Mas, apesar disso, é uma coisa natural que a música que você ama, que você ouve te influencie na hora de compor. Assim, cada um dos nossos membros tem o seu próprio estilo favorito ou influência. Mas seria difícil dizer apenas um nome, pois o leque de bandas e estilos musicais é tão vasto como o mundo da música em si! Estamos todos realmente de mente aberta sobre estilos musicais. Música boa é música boa, não importa o estilo que é. No nosso tourbus, você ouvir coisas do pop e r’n’b, para triphop e drum’n’bass, o bom e velho rock, todos os tipos de música folclórica, coisas alternativas, todos os tipos de metal e assim por diante.

Se você quer ouvir nomes – um dos meus músicos favoritos certamente é Paddy Keenan! Um dos maiores tocadores de Irish uilleann pipe da história.

Você precisa estar em um ambiente especial para criar ou escrever?
Chrigel:
Musicalmente, a natureza é uma forte influência para mim. As belas paisagens de tirar o fôlego de “nossas” montanhas cobertas de neve, paisagens alpinas, os bosques… Compor é algo muito emocional para mim. No início de uma música nova do Eluveitie, há basicamente, na sua maioria um sentimento a ser expressado. Já em relação às letras, a principal influência é a história e a tradição da minha cultural.

Olhando para o passado, o que mudou na forma de trabalho de vocês?
Chrigel:
Bem, muita coisa mudou. Embora eu tivesse que fazer tudo em um tempo muito curto, hoje, eu estou ocupando todo o meu tempo com a banda. Por outro lado, não é que eu teria muito mais tempo livre, porque também há muito trabalho a fazer em relação ao Eluveitie (risos). Claro que todos nós estamos muito mais experientes e provavelmente caindo sempre na mesma “rotina” (no sentido mais positivo).

Quais são as músicas do Eluveitie que você tem mais orgulho?
Chrigel:
Bem, as músicas “Your Gaulish War”, “Bloodstained Ground” or “The Essence of Ashes” significam muito para mim, principalmente as letras. Eles estão lidando com os acontecimentos históricos que me afetam profundamente. De outro modo, “Isara” é uma canção muito especial para mim, porque é uma espécie de “canção de amor” (mesmo que seja instrumental). Eu escrevi para minha esposa.

O Eluveitie é conhecido por sempre estar na estrada. O que você sente mais falta quando está em turnê?
Chrigel:
Nós adoramos sair em turnê e passear muito. E também, obviamente, estamos ocupando uma grande parte de nossas vidas na estrada. Mas você está certo, nós perdemos muitas coisas quando estamos viajando. Acima de tudo nossas esposas/namoradas (respectivamente, se estamos falando de Meri e Anna) é claro. Além disso, você perde um pouco da sua privacidade ou coisas como sua própria cozinha ou o seu próprio banheiro incluindo um banheiro adequado e limpo (muitos risos).

Vocês se apresentaram em diversos paises. Como tem sido a turnê?
Chrigel:
Cansado (muitos risos)! Nós acabamos de terminar uma longa turnê que praticamente teve quase 200 shows, passando por quase 40 países em três continentes. Foi ótimo, mas estamos contentes com esta pausa de quatro semanas, antes de irmos ao Brasil, América do Sul e voltarmos aos EUA e Canadá novamente.

A Suiça, seu pais natal, tem bandas de expressão, mas não são muitas se compararmos com os outros paises da Europa. O que você tem a dizer sobre isso?
Chrigel:
Nós temos Celtic Frost, Samael, Coroner, Krokus… Estamos talvez bastante centrados na produção do maior queijo ou chocolate do universo à lançarmos bandas de metal, é verdade (risos). Portanto, há poucas bandas de metal da Suíça tocando por ai, mas esses poucos são muito especiais! 😉

Atualmente, o cenário do Rock/Metal está passando por uma falta de criatividade. Quais são as bandas que mais lhe interessa? Que tipo de música você tem escutado?
Chrigel:
Como mencionado anteriormente, nós realmente temos a mente aberta musicalmente. Assim, alguns dos nossos grupos favoritos para ouvir no tourbus seria Woven Hand e Sixteen Horsepower. Também coisas muito contemporâneas como Eminem e Rhianna, às vezes, merdas dançantes como o Pendulum e Infected Mushroom, que é ótimo para dançar quando você está bêbado como o inferno (risos). Às vezes, alguns clássicos ou trilha sonora de filmes de Hans Zimmer e, claro, por vezes, o bom rock, death e black metal como At the Gates, Grave, Entombed ao velho Satyricon, Emperor, etc). Pessoalmente, eu também estou ouvindo muito folk tradicional, é claro.

Quais são as suas bandas favoritas neste momento? Você conhece ou gosta de algum grupo brasileiro?
Chrigel:
Neste momento, estou escutando muito Dizzi, uma banda não muito conhecida da Inglaterra. Sim, conheço muitas bandas brasileiras, é claro. Eu realmente gosto de alguns discos do Sepultura, por exemplo.

Quais são os seus planos para 2011?
Chrigel:
Estaremos em turnê até março, então vamos entrar em estúdio para gravar algo que eu não vou revelar agora, é surpresa. Depois vamos passar todo o verão tocando em festivais. Nesse período pretendemos terminar as nossas novas músicas. No Outono, vamos cair na estrada de novo até que paramos tudo para gravar nosso novo disco durante o inverno. Então, não teremos muito tempo para ficarmos entediados (risos).

Rock Press agradece pela oportunidade em conversar contigo. Sinta-se à vontade para mandar uma mensagem para os seus fãs no Brasil e Portugal.
Chrigel:
É a minha vez em dizer “obrigado” pelo entrevista e pelo interesse em nossa banda! Vejo vocês em breve!

Confira entrevista com Adauto, guitarrista da banda Vulture

Confira abaixo a entrevista realizada com Adauto, guitarrista da banda Vulture, que nos conta curiosidades sobre a cena brasileira, informações sobre lançamentos, trajetória e como foi o show especial de 15 anos da banda!

1- Vamos começar falando sobre o aniversário de 15 anos da banda. Comente um pouco sobre a trajetória, sobre conquistas e dificuldades, e como é manter uma banda por tanto tempo ativa.

Adauto: Manter uma banda de Metal no underground nunca foi uma tarefa fácil, acho que em lugar nenhum desse mundo, mas acredito que no Brasil seja ainda mais complicado já que o Metal não passa nem perto da cultura e do gosto popular do brasileiro. Contudo vejo pontos positivos e negativos e esse respeito, o lado negativo é a falta de apoio e investimento financeiro por parte dos patrocinadores e do poder público, já que se trata de um estilo de música restrito onde qualquer investimento se torna de alto risco e pode trazer um baixo retorno ou em muitas vezes prejuízos. O lado positivo é que toda essa dificuldade, com o tempo acaba fazendo uma seleção natural de pessoas que realmente acreditam e amam esse estilo de música, que tiram o dinheiro do seu próprio bolso para gravar suas músicas, para imprimir seus zines, para desenvolver seus websites, organizar seus eventos e tudo isso sem esperar um retorno financeiro, apenas como forma de expressar sua paixão, e acredito que quando chega nesse ponto, não existe nada mais honesto e verdadeiro, é a arte pura, vindo da individualidade de cada músico, escritor ou pessoa envolvida, sem se preocupar com terceiros, se vão aprovar, se vão gostar, se vai vender.. É por essa linha de pensamento que a Vulture se mantém há mais de 15 anos na estrada e sem prazo de validade. Hoje todos temos nossos trabalhos e nossos objetivos de vida em paralelo com a banda, a Vulture nunca foi um fardo para nós, nunca precisou nos dar algum retorno, não nos deve nada, pelo contrário, nós é que devemos a ela muitos dos melhores momentos de nossas vidas, uma tonelada de amigos, o prazer de ver pessoas cantando e divulgando a nossa arte e a nossa ideologia. Para nós a Vulture se tornou algo que vai além da música, é uma banda que vai para o bar, vai para praia, vai ao cinema, vai a um show, vai ao casamento, vai ao enterro, é isso que a Vulture se tornou, aquilo que nos liberta de nossas rotinas intensas de trabalho, cobranças, obrigações e nos torna mais humanos.

2- Pouco tempo atrás foi lançado o novo vídeoclip para a música “Abençoado Seja o Homem Ateu”. Fale um pouco da produção desse vídeo, qual o retorno que o mesmo tem obtido até o momento.

Adauto: Esse vídeo foi mais uma de nossas megas produções caseiras de baixo investimento orçamentário que acabou dando certo (rs). É claro que o fato de eu trabalhar com comunicação ajudou a dar uma cara mais profissional ao material, mas o processo de gravação foi bem caseiro, pegamos uma câmera fotográfica que eu tinha na agência onde trabalho, fomos até o local, abrimos o porta-malas do carro, ligamos o som e fingimos tocar várias vezes a música filmando de pontos diferentes, depois fiz uma pré edição e quando meu saco já estava a ponto de explodir, tomamos a decisão mais sensata, contratamos o Studio Kaiwoas, especializado em produção de vídeo, para terminar a edição e finalizar o nosso clipe, fizeram um ótimo trabalho e o resultado final ficou muito bom em relação ao investimento que fizemos. O clipe está nos dando um ótimo retorno, tivemos vários comentários no YouTube e muitas pessoas o adicionaram em seus orkuts e facebooks.

3- Continuando em cima da música “Abençoado Seja o Homem Ateu”, fale-nos um pouco sobre a letra da música. Hoje em dia há cada vez mais bandas e pessoas “neutras” no Metal (neutro poderia ser também classificado como: cristão com vergonha de si mesmo). O que as religiões de uma maneira geral são e representam, em um contexto individual ou coletivo na opinião de vocês.

Adauto: A ideia dessa letra foi fazer uma sátira com a forma de pensar dos cristãos, que acreditam que deus é responsável por tudo o que acontece em nossas vidas, mas se ele é responsável por tudo, é responsável pelas coisas ruins também, ou seja, responsável pelas guerras, pela miséria, pelas mortes que ocorrem diariamente. O intuito dessa letra é fazer as pessoas refletirem sobre esse ponto de vista e, se possível, enxergarem que nada acontece “graças a deus” e sim graças a fatores naturais e ao próprio homem.

No meu ponto de vista, as pessoas são tão condicionadas a apenas acreditar sem nunca questionar, que nem param para analisar o quão sádico e sacana é esse deus, quantas vezes já escutei: “Ah se aconteceu dessa forma foi porque deus quis assim”, “Não deu certo porque não era para dar”, “Se deus quiser vai dar certo”, não suporto esse tipo de pensamento derrotista, para mim isso é o que tem de pior nas religiões, elas tiram toda a responsabilidade das pessoas sobre suas próprias vidas, essas pessoas nunca se tornarão o que querem e sim o que deus quiser, ou seja, se tornarão conformistas e sempre que algo estiver ruim, indo mal ou dando errado, estarão com suas consciências tranqüilas porque não será culpa delas, foi apenas à vontade de deus.

Sempre buscamos respeitar todas as pessoas, mesmo muitas vezes não tendo nossos pontos de vista respeitados por elas. Defendemos nossa maneira de ver o mundo, mas tentamos não julgar as pessoas pela religião, raça, time de futebol, gosto musical, nacionalidade, opção política, são coisas supérfluas que não definem o caráter de uma pessoa.

4- A banda fez dois lançamentos pela Die Hard Records, “Test of Fire” e “Through the Eyes of Vulture”. Como foi, ou ainda é a repercussão desses dois trabalhos? Continuarão no selo para posteriores lançamentos?

Adauto: O pessoal da Die Hard sempre nos apoiou desde a época das demos, fizeram um trabalho de divulgação muito bom no “Test of Fire” e uma ótima distribuição no “Through the Eyes of Vulture”, vamos como sempre, antes de todo lançamento, entrar em contato com eles e com outras gravadoras para analisar as propostas e escolher a que nos de um suporte maior. Estamos estudando a possibilidade de relançar o Test Of Fire, pois se esgotou faz um bom tempo e muitos bangers ainda pedem nos shows.

5- Falando em novo álbum, já há alguma novidade sobre o mesmo? Músicas, título, enfim, algo que possa nos adiantar?

Adauto: O novo álbum vai se chamar “Destructive Creation”, esse nome faz referência, de uma forma mais descontraída, a nova criação da banda (o álbum) e, de uma forma mais crítica, ao poder de destruição dos homens. Serão 12 músicas que seguem com a mesma identidade, mas com uma pegada um pouco mais thrash e com menos partes cadenciadas. Esperamos lançar até março de 2011.

6- O cenário Death Metal brasileiro está mudando um pouco, e em minha opinião para melhor. Antes havia toneladas de bandas iguais as outras, para não citar também as cópias descaradas de Krisiun. Hoje há bandas, mesmo antigas, com personalidade própria, e vocês seguem uma linha que mescla bem o brutal com o tradicional, com ótimas levadas, e riffs claros, com boas doses de melodia, sem soar meloso, pelo contrário. Como você analisa essa transformação do cenário, quais foram ou ainda são as grandes influências da banda?

Adauto: Acredito que a identidade de uma banda vem com seu amadurecimento, é um processo natural que leva um certo tempo, muitas bandas surgiram na época que o Krisiun estourou e eles se tornaram uma grande referência para essas bandas que, hoje em dia, possuem seu estilo próprio, sua própria identidade. O Brasil possui muitas bandas veteranas de Death Metal, que já passaram por todo esse processo de amadurecimento e que, atualmente, são responsáveis pela variedade e qualidade da cena no país.

Quanto as nossas influências, sempre escutamos do punk rock ao mais brutal gore/grind, passando pelo rock n’roll e aos principais sub-estilos de metal, mas nossas principais influências ainda continuam sendo as bandas tradicionais de Death Metal como Morbid Angel, Hypocrisy, Malevolent Creation, Dismember, Sinister. Eu, ultimamente, ando escutando muito a banda Hate da Polônia.

7- Fora os dois álbuns já citados, a banda tem uma discografia relativamente extensa. Há possibilidades de um lançamento oficial do “Hellraised Abominations” e “A Call for the Ancients” ou mesmo regravar músicas dessa fase?

Adauto: Sim, com certeza. Sempre quando estamos bêbados falamos disso, temos músicas que marcaram uma fase, as pessoas pedem até hoje nos shows, gostamos muito desses materiais, sem falar em muitas músicas que ficaram perdidas no tempo, sem serem lançadas, que são muito boas. Temos planos para regravar e lançar um b-sides. Com certeza vai rolar mais para frente.

8- Vocês já dividiram o palco com bandas renomadas como: Belphegor (AUS), Incantation (EUA), Funerus (EUA), Dark Funeral (SUE), God Dethroned (HOL), dentre outras, também a nível nacional. Como foi para vocês participarem de eventos desse porte, e o que falta e precisa, na opinião de vocês, para o cenário de uma forma geral ser mais profissional e sustentável (dentro disso incluo produtores, casas, público, bandas, selos…).

Adauto: Acho que esta questão nos leva ao mesmo contexto da primeira, o metal no Brasil. Infelizmente o público é muito restrito, fica difícil para organizadores investirem em estrutura, aparelhagem, divulgação se o público não comparece. As bandas citadas são bandas consagradas, mas o público é o mesmo público underground que freqüenta os nossos shows e aqui no Brasil elas são undergrounds também, tocamos com o God Dethroned em Campinas para 50 pessoas, nosso show de 15 anos deu a mesma quantidade de pessoas do que quando tocamos com o Belphegor, umas 200 pessoas. É claro que existem as mega bandas que lotam estádios, mas se tratando de música extrema, acredito que a cena só tenha piorado. Antigamente, quando organizávamos festivais, brincávamos que shows undergrounds davam sempre 100 pessoas, não importava a banda, o dia, o local, sempre 100 pessoas, os que dessem mais eram considerados um grande sucesso, esse ano fizemos vários shows e os festivais que deram 100 pessoas foram os de grande sucesso.

Me recordo que sempre havia uma garotada nova nos festivais, aqueles com camiseta do Iron ou do Ozzy que estavam começando a curtir metal, hoje, vejo menos pessoas nos shows e pessoas mais velhas, infelizmente acho que o Metal perdeu uma boa parte da sua nova geração para essa porcaria de música “emo” que surgiu recentemente.

9- Fizeram um show especial dos 15 anos da banda em Itapetininga, contato com ex-integrantes, cast especial etc. Comente um pouco sobre esse evento.

Adauto: Foi uma noite memorável para nós, lotou o bar, um pouco mais de 100 pessoas (rs), mas recebemos amigos de toda a região, amigos que acompanham a banda há muitos anos, sem falar no pessoal de Itapetininga que compareceu em peso. Como fomos a única banda da noite, dividimos o set list em duas partes, a primeira só com as músicas novas que estarão em nosso próximo álbum, a segunda contou com músicas antigas, passando por todas as fases e com a participação especial de ex-integrantes, foi muito bacana, realmente uma noite especial para nós.

10- O Brasil a passos lentos está crescendo e profissionalizando o underground, surgindo novos selos, distros, revistas, webzines, agências, produtores, bares. Junto a isso, a banda agora faz parte do cast da Metal Army Agency. Comente um pouco sobre a parceria e sobre essas transformações (benéficas do underground).

Adauto: O underground está sofrendo uma evolução natural, está tendo que se adequar a um público que, com a disseminação da internet e toda essa evolução digital, se torna cada dia mais exigente.

Antigamente bandas e organizadores se preocupavam apenas com a resenha de algumas revistas e alguns zines, sendo que estes, por serem tão parceiros e apoiadores do underground, raramente faziam alguma crítica negativa às bandas e aos eventos. Hoje, todo banger que compra algum material ou vai a algum evento, faz sua própria resenha, em seu blog ou em suas redes sociais, e por geralmente não terem laços de amizade, detonam mesmo, dizem o que pensam e não aliviam nada, doa a quem doer (rs). Se forem a um evento que a aparelhagem não estiver boa, ou a cerveja quente, no dia seguinte tem 100 reclamações sobre isso na internet, se uma banda lançar um álbum meia-boca, seja a Vulture ou o Iron Maiden, vai ler em vários locais que seu álbum é meia-boca, ou ruim mesmo. Antes era muito difícil você ler algo falando mal das grandes bandas, hoje ninguém escapa, se um vocalista soltar alguma merda em um show no Japão, amanhã o mundo inteiro estará cagando em sua cabeça, isso é muito bacana, coloca todo mundo em um mesmo patamar, é claro que isso tudo afeta muito mais quem trabalha esse lado comercial da música, para quem está envolvido por realização pessoal, o que importa mesmo é o que ele sente em relação a esse trabalho.

Hoje contamos com a Metal Army Agency para divulgar nosso trabalho e agendar nossos shows, não cobramos cachê para tocar, apenas as despesas com transporte, queremos mesmo é rodar esse Brasil, fazendo novas amizades, enchendo a cara e espalhando nossas ideias e nosso barulho.

11- Agradeço ao tempo cedido, e fica aqui o espaço para suas palavras finais…

Adauto: Agradeço pelo espaço e pela oportunidade de apresentar um pouco da visão que temos sobre o meio em que vivemos e sobre aquilo que mais amamos, a Vulture, agradeço a todos os bangers que nos acompanham e nos apóiam nessa jornada. O underground é feito de respeito e amizade, um grande abraço a todos!

www.myspace.com/vulturebr

Entrevista exclusiva com o empresário Paulo Baron da Top Link Music

A Top Link Music, Production and Management, responsável por inúmeras turnês de bandas internacionais por toda a América Latina e Europa, completou 17 anos em 2006, tendo produzido mais de 3.500 shows. Em entrevista exclusiva ao Agenda Metal, o fundador da Top Link Music, Paulo Baron, nos conta curiosidades, novidades e esclarece dúvidas sobre o Live N’ Louder.

Vamos começar falando um pouco sobre a história da Top Link Music. Atualmente vocês têm produzido shows no Brasil, Chile, Argentina, Colômbia, Bolívia, Peru, El Salvador, Costa Rica, México, Panamá e Guatemala. Como tudo começou?
Paulo: Tudo começou em 1989 quando eu morava na Inglaterra e um amigo me convidou pra me envolver no mundo dos shows. Naquela época eu estudava cinema e estava sempre buscando uma forma de me entrosar também no mundo da música.

Qual foi a primeira banda internacional que vocês produziram shows no Brasil? Qual foi a maior dificuldade?
Paulo: Foi em 1993 com Rick Wakemann na turnê Wakemann & Wakemann. A maior dificuldade era que eu não conhecia muito o Brasil em termos de shows, não conhecia praticamente ninguém e naquela época não tínhamos a facilidade da internet e pra completar eu ainda morava na Inglaterra. Tudo tinha que ser feito por telefone ou por fax. Assim você pode imaginar as contas de telefones que tínhamos naquela época e muitas vezes os fax não chegavam com a informação correta, tudo era mais artesanal.

Dentre as inúmeras produções, a Top Link Music tem trabalhado com mais de setenta artistas. Poderia compartilhar algum momento marcante ou especial, nessa trajetória?
Paulo: Acho que todos os shows têm alguma coisa especial, principalmente porque estamos acostumados a trabalhar com artistas que temos algum tipo de simpatia. De qualquer forma se tivesse que escolher alguns momentos inesquecíveis, seriam com certeza os dois Live N’ Louder, principalmente porque quando eu era um garoto gostava muito de Van Halen e Scorpions. Inclusive tive oportunidade de vê-los ao vivo quando tinha 13 ou 14 anos de idade. Sentir que eles estavam trabalhando pra mim em um evento meu foi muito importante pra minha trajetória profissional e grande motivo de orgulho.

Desde o Monsters Of Rock, o Brasil esteve muito carente em relação aos grande festivais. Como surgiu a idéia do Live N’ Louder? Quais as dificuldades de realizar um grande festival no Brasil?
Paulo: A idéia surgiu em 2004, inspirado justamente no Monsters of Rock. Percebemos naquela época que o Brasil estava carente de um grande festival de rock/metal. As dificuldades de realizar um festival são muitas, posso destacar algumas delas:
a) Alto custo;
b) A logística: Para organizar um festival do porte do Live, levamos de 9 meses a 1 ano para organizar tudo e isso também envolve muitas pessoas. Pra você ter uma idéia, o tempo que eu levo para realizar um festival desse porte, eu preciso dedicar aproximadamente o mesmo tempo que levaria pra realizar 9 turnês pela América Latina, turnês estas que me trariam mais lucro e haveriam menos gente invejosa querendo que as coisas dessem errado (parece que trabalhando desta maneira eu passo mais “despercebido”);
c) Também a parte burocrática os órgãos brasileiros são muito exigentes, mas ao mesmo tempo muito lentos.
d) Existe um monte de pessoas invejosas envolvidas na cena rock/metal (como eu já citei antes), que por incrível que pareça torcem para que de tudo errado;
e) Lidar com tantas bandas, lidar com diferentes formas de pensar e com diferentes perspectivas de encarar um festival;
f) Os fãs ficam exigindo um festival e na hora que ele acontece, eles não apóiam e não comparecem ao festival porque gostaria que as 12 bandas fosse do agrado dele;
g) Dificuldade pra encontrar um patrocinador: sem patrocinador este evento não se sustenta.
h) As gravadoras e revistas não apóiam como deveriam, todo mundo quer levar uma mordida do bolo;

Como foi o cancelamento da apresentação do Testament na primeira edição e o Black Label Society na segunda? Mesmo com as passagens na mão, o Saxon também cancelou sua participação no Louder. Qual o motivo?
Paulo: Com o Testament eles já tinham cancelado comigo duas outras vezes, uma em 2000 e outra em 2002 por causa do estado de saúde do Chucky Billy. E a terceira (3 dias antes do Live N Louder) que começava no México, eles tiveram problema com troca de guitarrista e segundo a informação que me chegou, o novo guitarrista não estava preparado para fazer um show deste tipo.
É engraçado que o Testament esteja agora fazendo esta turnê e esteja dando certo. Que bom para os promotores, tiveram muita coragem, já que quando me ofereceram novamente a banda eu falei que nunca mais faria.
O Black Label Society foi uma situação muito estranha que ate o momento não entendi. Eles me procuraram, eles queriam tocar o máximo de shows possíveis, cedemos tudo o que eles pediram, o cachê foi pago 100% antecipadamente e no fim inventaram a coisa mais idiota do mundo: me comunicaram que eles não poderiam comparecer no festival porque o disco estava saindo uma semana antes do previsto e eles teriam que começar uma turnê na América do Norte 3 dias antes do Live N’ Louder. Acho que isso é coisa de americano mesmo, eles não levam as coisas a sério, ou vêem nós, os latinos que moram na América Latina, do mesmo jeito que eles vêem os latinos que moram lá nos EUA (com desrespeito e preconceito).
Quanto ao Saxon, eles me desapontaram muito devido à amizade pessoal que eu tenho com a banda há muitos anos. Já fiz mais de 20 shows com a banda nos últimos 8 anos. Inclusive me encontrei com o baixista Nibs na Alemanha e com Thomas (empresário da banda) e o mesmo Thomas me pediu pra ver se eu poderia colocar eles como headliner ou co-headliner, ate pensamos na possibilidade de trazer a “águia” e fazer aquela produção que eles fazem na Europa, ainda bem que não fizemos se não estaríamos ferrados mais ainda. A situação deles acho que foi mais vergonhosa no meu ponto de vista, porque além de ter todo o cachê pago, eles já tinham as passagens de avião compradas e no festival do México, mandamos os motoristas buscarem a banda no aeroporto e a banda simplesmente não chegou. Fora, passar o estresse de tentar ligar no telefone deles mais de 40 vezes pra tentar conseguir uma explicação. Então fiquei sabendo por um musico de outra banda, que o Saxon estava tendo problemas no estúdio com um produtor. O que eu fiz foi mandar uma mensagem por este músico diretamente pro Biff pra que eles pelo menos se pronunciassem pra ver se tocariam pelo menos no Brasil.
Foi uma situação muito desgastante. Eu ainda espero encontrar a banda um dia e pelo menos receber um pedido de desculpas pelo acontecido.
Sei que todos nós temos nossos contratempos, mas mesmo quando você vai chegar tarde numa reunião você deve ligar pra avisar. Acho que isso faz parte do respeito ao ser humano.

É mais fácil trabalhar com os grupos europeus ou norte-americanos?
Paulo: Antigamente eu achava melhor trabalhar com bandas européias, mas depois do que aconteceu com o Saxon, acho que agora é igual. Antes eu pensava que as bandas americanas eram mais desrespeitosas do que as européias.

Qual o critério utilizado para a escolha dos headliners? Particularmente achei eles (Scorpions e David Lee Roth) ótimos!
Paulo: O critério é que a banda seja uma banda clássica, aquelas que foram ou são parte da cultura do rock. E como estas bandas são mais caras, fazemos uma análise para ver se elas vão trazer um mínimo de público necessário para cobrir o custo de tal headliner.

Como já noticiado no Agenda Metal, a Top Link Music não tem planos para uma edição do Live N’ Louder esse ano, provavelmente só em 2008. Qual o motivo?
Paulo: O motivo principal é que fiquei muito cansado com o acontecido em 2006. Pouca seriedade por parte de algumas bandas (as que não compareceram), muita fofoca (um exemplo disso, se você entra no orkut, vai ver a infantilidade de algumas pessoas), acho isso um absurdo, porque se as pessoas soubessem o que custa chegar a ser um músico profissional e muito mais, ser escolhido para o cast de um festival, não estariam pensando em qual banda é melhor, e sim pensando no que pode representar um festival deste não só para Brasil, mas América Latina. Você esta oferecendo 12 bandas pelo preço de 1!!! Acho que o Brasil talvez não esteja preparado ainda pra encarar grandes festivais. Como você pode ver as bandas aqui devem estar na moda pra reunir grandes massas.
As revistas não apóiam o que deveriam apoiar, ficam mais interessados em festivais que acontece fora do país do que com os que acontecem no Brasil. Também as gravadoras ajudam muito pouco com a promoção do evento. Então me pergunto, pra que se esforçar tanto pra fazer um festival deste porte se as pessoas não valorizam????
E o mais ridículo é que na hora do credenciamento, os mesmo caras que não apoiaram ou os caras que criaram rumores de que o festival estaria cancelado, se matam por uma credencial “all access” ou você vê eles no hotel. Isso não quer dizer que o festival não acontecerá novamente, mas só farei se a gente conseguir um bom patrocinador. Faremos uma última tentativa. Neste momento estaremos com muitas turnês ate o mês de novembro. São mais de 50 shows e esta é nossa prioridade. Mesmo assim a esperança é a ultima que morre.

Agora pessoalmente. Diga cinco bandas que você gostaria de ver em um mesmo festival no Brasil.
Paulo: Ozzy Osbourne, Van Halen, Motley Crue, Deff Leppard e Queen. Tomara que exista alguém com peito suficiente pra fazer um evento deste (rs).

Para este ano já temos confirmado shows do Symphony X em junho, programado Scorpions para agosto e Therion para setembro. A Top Link estaria negociando a vinda de mais alguma banda ao Brasil? Poderia nos adiantar algo?
Paulo: Estamos com mais duas turnês bem legais confirmadas, mas que só poderei anunciar em breve.

No último dia 18 foi confirmada uma inusitada notícia: Show do Symphony X em Manaus. Vocês já promoveram algum show naquele estado? Como você definiria a situação atual do Brasil, em relação aos shows internacionais?
Paulo: Lutamos muito para fazer este show em Manaus. Quando eu era empresário do Shaaman fomos pra lá e foram muitas pessoas no show, já que existem muitos headbangers lá e eles recebem muito poucos shows internacionais. Parece que nestes lugares o público valoriza mais quando chega uma banda de fora. É complicado chegar em Manaus por causa do custo de passagens, mas demos um jeito que ficasse legal para a turnê, fazer este show. Espero que os fãs não só do Symphony X, mas do metal em geral, apareçam em massa para fazer possível a vinda de várias outras bandas a esta cidade.
Acho que estão chegando muitos shows internacionais no Brasil e os fãs estão com pouco dinheiro pra poder assistir a todos. Claro que é legal ver todas essas grandes bandas passando por aqui, mas não tem bolso que agüente.

Gostaria de agradecer a entrevista, e parabenizar a Top Link, pela seriedade, qualidade e respeito com os fãs.
Paulo: Valeu Danilo. Obrigado pelo espaço cedido à Top Link Music e espero que esta entrevista tenha esclarecido dúvidas do público e espero que a cena rock/metal continue crescendo!!!