Tocando O Sonho Adiante – Entrevista com Gary Cherone (Extreme)

Dentro da onda de revisitar o passado musical, mais especificamente o período dos anos 1990, os artistas com mais propriedade para fazer isso são os que viveram aquela época. Alguns soam como arremedos de si mesmos, outros conseguem manter a integridade sem macular o sucesso de outrora. O Extreme é um bom exemplo para ilustrar a segunda opção.

Fazendo um som diversificado, que mistura funk, rock tradicional e hard rock com a dose certa de apelo pop, o quarteto emplacou hits e construiu fama. Agora, Gary Cherone (voz), Nuno Bettencourt (guitarra), Pat Badger (baixo) e Kevin Figueiredo (bateria) retornam aos palcos para celebrar os 25 anos de seu mais exitoso trabalho: Extreme II: Pornograffitti.

Porto Alegre está no roteiro dos norte-americanos durante a turnê brasileira que será realizada no próximo mês. Na Capital, a apresentação será em 16 de junho, no Opinião (Rua José do Patrocínio, 834).  Antes da atração principal, ainda rolará show com o guitarrista Richie Kotzen (Poison, Mr. Big e The Winery Dogs).

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Aproveitando a vinda do grupo de Boston ao país, conversamos, por e-mail, com o vocalista Gary Cherone. No bate-papo, ele fala sobre as glórias do conjunto, as mudanças na indústria e no modo de consumir música e da passagem pelo Van Halen.

Por Homero Pivotto Jr. – Abstratti Produtora

Por que colocar o nome Extreme em uma banda que não é tão extrema, em termos musicais? Vocês não são um grupo de black ou death metal, por exemplo.

Gary – Talvez no Brasil a tradução da palavra ‘extremo’ seja um pouco diferente. O nome original da banda era The Dream. Havia um programa de TV sobre uma banda com esse mesmo nome, então deixamos eles com os direitos. Logo, Extreme é um derivado de Ex-Dream.

A banda começou por volta da metade dos anos 1980. Poderia nos contar como a primeira formação se encontrou? Que outras bandas com as quais costumavam tocar seguem ativas e quais ficaram pelo caminho?

Gary – Naquele tempo, Boston tinha uma ótima cena musical. Havia um bocado de clubes grandes para se tocar. Isso fez com que, tipo, nós e outros artistas nos conhecêssemos. O Extreme teve algumas mudanças de formação no início, mas o núcleo da banda se formou com a entrada do Nuno Bettencourt (guitarra) e Pat Badger (Baixo). Muitos grupos de Boston apareceram e sumiram, mas boa parte dos conjuntos nacionais com os quais tocávamos continua forte, como Aerosmith e Bon Jovi.

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Vocês estão celebrando os 25 anos do clássico Extreme II: Pornograffitti. Pode-se dizer que esse é o disco de maior sucesso do Extreme?

Gary – Se for para definir sucesso por número de discos vendidos, sim, Pornograffitti está no topo da lista. Porém, fizemos outros álbuns que ajudaram a expandir o que o Extreme é musicalmente. Esses trabalhos receberam elogios da crítica e dos fãs. Então, também podem ser considerados como bem-sucedidos.

Quando a banda estava criando as composições para Pornograffitti era intencional fazer algo tão especial, que continuasse relevante por muitos anos, ou isso simplesmente aconteceu?

Gary – Sempre escrevemos para nós mesmo. Logo, nunca é algo do tipo proposital. O lançamento do nosso primeiro disco atrasou e, quando ele saiu, já estávamos trabalhando em Pornograffitti, mesmo sem o álbum de estreia ter caído no mercado. A banda entrou em turnê. Então, naquele tempo, quando ficávamos fora da estrada, estávamos azeitados e prontos para gravar. Somos abençoados por saber que as pessoas ainda se importam com o disco.

Quais principais diferenças entre aquela época e hoje na indústria musical e no contexto sociocultural?

Gary – Há uma grande mudança cultural. A música não domina a cultura como costumava, é apenas uma coadjuvante agora. Ainda existem ótimas bandas aparecendo, mas elas não têm plataformas para aparecer como tivemos (a MTV, por exemplo). E as gerações mais novas têm outras tantas distrações fora da música para ocupar o tempo… Internet, mídias sociais, iPhone, aplicativos de jogos, etc. Vivemos uma era de gratificação instantânea. Não sei se hoje em dia a garotada tem disciplina para pegar um instrumento e ficar 10 horas tentando aprender a tocar, já que eles podem pegar o smartphone e usar os samples de guitarra do Garage Band. Enfim… A Renascença (período histórico) terminou, mas as pessoas sempre irão pintar.

Como surgiu o convite para você ser o vocalista do Van Halen e como foi a experiência? Foi preciso abandonar algum outro projeto musical para ir em frente com essa oportunidade?

Gary – Extreme e Van Halen tinham o mesmo administrador. O primeiro estava em hiato, pois o Nuno trabalhava em um disco solo, e o segundo buscava um novo vocalista. Eddie (Van Halen) me enviou algumas músicas novas e fui convidado para uma audição. Foi um dos pontos altos da minha carreira. Fiquei três anos com os caras e fui muito bem tratado.

Além das faixas do Pornograffitti, o que mais os fãs podem esperar para o show?

Gary – Tocaremos o Pornograffitti do início ao fim, na ordem original em que as músicas aparecem no disco. Depois, faremos uma segunda parte especial da apresentação, misturando composições de todos os outros trabalhos.

 

 

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